As ruas vazias da capital alagoana evidenciam o aprofundamento do isolamento social proposto como alternativa ao avanço do novo coronavírus. Hoje, sexta-feira, 3 de abril, Alagoas chega ao 13º dia de quarentena. E Não tem #sextou, não há banhistas nas praias mais bonitas do Brasil, nem atletas correndo nos calçadões da orla. As paisagens vazias de uma Maceió outrora frenética inspiram reflexões sobre o passado, o presente e o futuro.

Com a suspensão das atividades comerciais e das aulas das escolas públicas e privadas, após decreto do governo do Estado, fotos exibem uma cidade diferente da que podia ser observada 13 dias atrás. Onde havia risos de turistas e poses para as fotos, como no letreiro “Eu Amo Maceió”, somente o barulho das ondas do mar preenche o vazio.

Um Graciliano Ramos solitário parece repetir o que escreveu anos atrás, “Mas no tempo não havia horas”. Enquanto Lêdo Ivo, sempre de pé, no Posto 7, faz mais uma das suas provocações: “Agora que é abril, e vão morrer as formosas canções dos outros meses, assim te quero, mesmo que te escondas”.

Aurélio Buarque de Holanda, emblemático e usando máscara, parece que quer se virar para olhar o mar e entende que o verdadeiro significado da palavra “solidão” não cabe no dicionário.

No Corredor Cultural Vera Arruda, normalmente repleto de famílias e jovens patinando, há apenas o olhar de esperança dos que contemplam, nos prédios ao redor, a vida em suspensão.

Por lá, a imagem da doutora Nise da Silveira e seu gato impressiona. E parece dialogar com todos os maceioenses: paralisados, mas prontos para, a qualquer momento, retomar a vida, com a força que lhes é peculiar.

Por Maylson Honorato | Portal Gazetaweb.com

FOTO: Ailton Cruz