Quando Sergio Moro foi convidado e aceitou trocar o cargo de juiz pelo de ministro da Justiça, tanto ele quanto o presidente Jair Bolsonaro declararam que o então chefão da Operação Lava Jato teria completa autonomia no comando da Justiça.

O governo Bolsonaro teria um “posto Ipiranga” que tudo resolveria na Economia, o ministro Paulo Guedes, e Sergio Moro como o outro “posto Ipiranga” para a área de Segurança.

Guedes já deixou de ser todo-poderoso na sua área. Depois que sua política ultraliberal resultou em desemprego e estagnação agravada pelo coronavírus, o presidente Bolsonaro decretou uma intervenção na economia comandada pelo ministro-chefe da Casa Civil, o general Braga Netto. Foi este o encarregado de coordenar o apelidado “Plano Marshall” de recuperação da economia e dos empregos, com foco principal em investimentos estatais na área do Ministério da Infraestrutura, chefiado por Tarcísio de Freitas.

Agora o presidente puxou o tapete do outro ex-todo-poderoso do governo, o antes indemissível ministro da Justiça, Sergio Moro.

Bolsonaro já havia desautorizado Moro em outras ocasiões. O ministro se fez de desentendido. Mas, desta vez o presidente atingiu o cerne da atuação da área federal de Segurança: a Polícia Federal.

A demissão do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, diretamente pelo presidente e contra a vontade do ministro, na prática tirou de Moro qualquer controle sobre sua pasta.

Não há mais postos Ipiranga no governo. Até quem quase assumiu esse status com a pandemia do coronavírus, Luiz Henrique Mandetta, foi demitido do Ministério da Saúde em plena crise do setor.

Poderosos mesmo, só sobraram os militares. Resta saber até quando Bolsonaro aguenta.

Ou os generais.

UOL.COM

Imagem: Ian Cheibub/Folhapress