De acordo com proprietários e gerentes farmacêuticos de algumas redes de farmácias e drogarias em Maceió, há uma escassez de máscaras industriais para a comercialização. A falta do produto começou no fim de fevereiro. E nos locais que o item é encontrado, o valor sofreu reajustes.

Ainda segundo eles, os pedidos pelo item para reposição de estoque são constantes. Em um das redes, a solicitação pelo produto junto ao fornecedor é diária. Uma atendente conta que nem para o uso dos funcionários tem mais. “A direção já solicitou a confecção das máscaras reutilizáveis porque as nossas já estão acabando e até agora não chegaram”.

Em relação aos valores, antes uma caixa de máscara, a mais simples, com 50 unidades custava em média R$ 20, segundo a gerente de um estabelecimento, porém, como não há o produto, os profissionais não sabem especificar por quanto seria comercializado atualmente, já que o item não é tabelado como os medicamentos.

Dos locais contatados pela reportagem, apenas a Casa do Médico e a rede Pague Menos tinha oferta de máscaras. No entanto, a profissional de marketing da Casa do Médico disse que houve um aumento nos preços dos produtos que variam entre R$ 2,50 a R$ 31,50 dependendo do modelo. E os reajustes já foram repassados pelos fabricantes.

No local, além das máscaras cirúrgicas e a máscara n95, é possível o cliente encontrar as máscaras em tricoline e 100% algodão, TNT e viseira de acetato. Vale ressaltar que as duas primeiras não têm em pronta entrega. Ainda, segundo informações repassadas pelo marketing, a procura aumentou consideravelmente. E no estabelecimento, não há limite de vendas por pessoa, o cliente pode comprar quantas unidades quiser.

Para o farmacêutico e dono de estabelecimento Luiz Alberto, os reajustes feitos pelos distribuidores inviabilizam os pedidos, porque não daria para passar aos clientes por um preço justo. “Não tenho o item na loja há quase dois meses. Mas sei que houve um aumento no produto. Antes eu comprava uma caixa com 50 unidades por até R$ 8 reais. Agora já cotei até R$ 250. O aumento vem do fabricante de fato, mas as distribuidoras também super faturam. Aí, não compensa pra gente repassar ao cliente. Mas, isso não é só com as máscaras. Estamos tendo dificuldades em conseguir até alguns medicamentos de uso continuo’’, ressalta.

O secretário-geral do Conselho Regional de Farmácia de Alagoas (CRF/AL), Daniel Fortes, explica que os preços das máscaras não são tabelados como os de medicamentos. por isso os estabelecimentos podem praticar o livre comércio. E com a escassez as distribuidoras também aumentam. ‘’Esses produtos na maioria das vezes são importados, então é bem provável que o próprio distribuidor já esteja recebendo com os preços mais elevados dos fabricantes’’.

Segundo uma pesquisa rápida feita por Fortes para a reportagem da Tribuna Independente, as máscaras cirúrgicas custavam entre R$ 9 e R$ 15 a caixa com 50 unidades antes da epidemia. As máscaras N95 e PFF2 custavam entre R$ 6 e R$ 8. Hoje, a N95 e PFF2 custam entre R$ 25 e R$ 45, a depender da especificidade e da marca.
Com preço mais acessível e reutilizável, produto artesanal é a alternativa

Uma das alternativas é a compra das máscaras artesanais ou reutilizáveis, que foram liberadas a confecção pelos órgãos de saúde e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). E essa alternativa, além de ser uma opção para a proteção, é uma chance de grana extra para muita gente. Os preços entre as costureiras e pessoas que estão fabricando variam em média entre R$ 2 e R$ 10.

Aposentada pelo Loas, Dicilene Maria da Silva aproveitou o momento para conseguir uma grana extra com a confecção das máscaras em casa. Ela montou parceria com um amigo que disponibiliza o material usado e ela confecciona. “Comecei semana passada. A procura pelo o produto pela internet está grande. A confecção segue as recomendações especificadas pela Anvisa. Faço com camada dupla – tenho de algodão com dupla face personalizada e outra de camada dupla total de algodão. Vendo as unidades por R$ 5 tanto, adulto ou infantil’’.

A empresária Monique Nielsen, dona de uma loja de moda masculina com sede no Jacintinho e no Salvador Lyra, também começou as vendas do produto. Como as lojas estão fechadas conforme o decreto estadual, Nielsen está disponibilizando as vendas via rede social. “Começamos a vender oficialmente hoje [terça-feira, 28]. É fabricado por nossos fornecedores de roupas, vendemos elas separadamente dentro de um saquinho lacrado. Avisando aos clientes que em casa lavem e passem ferro. O valor é R$ 8. O tecido é 100% algodão. Estamos fazendo entregas. Elas são dupla-face – com um lado personalizado e outro liso’.

SMS

Com o objetivo de garantir a segurança dos servidores que atuam no combate ao novo coronavírus, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) vai comprar máscaras de tecidos reutilizáveis para distribuir aos profissionais que seguem trabalhando na parte administrativa. O processo se dará em caráter emergencial, conforme publicado no Diário Oficial Municipal (DOM), desta terça. As propostas serão recebidas até às 14h desta quinta-feira (30), na Sede da SMS, que fica Centro. Os interessados deverão apresentar proposta comercial e uma amostra da máscara, que deve seguir as especificações do Termo de Referência.

O processo foi possibilitado pela Lei Federal 13.979/2020, que permite a compra de materiais utilizados no enfrentamento à Covid-19 sem licitação. Mais informações sobre o processo podem ser obtidas com a Coordenação Geral de Compras e Suprimentos pelo telefone (82) 3312-5457 ou 3312- 6053 ou e-mail mczsuprimentos@gmail.com .

Fonte: Tribuna Independente / Lucas França

(Foto: Edilson Omena)