O desmatamento das áreas de Mata Atlântica do Brasil cresceu 27% entre 2018 e 2019, segundo aponta o estudo “Atlas da Mata Atlântica” divulgado nesta quarta-feira (27), pela Fundação SOS Mata Atlântica realizado em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A boa notícia, é que Alagoas conseguiu zerar o desmatamento deste bioma.

O estado está entre as nove unidades da federação (UF) com queda no nível de supressão da vegetação. A SOS Mata Atlântica considera zerado quando os registros estão abaixo de três hectares desmatados. Rio Grande do Norte é o único estado a obter essa marca. Em alagoas, o Inpe ressalta que a avaliação foi parcial por conta de cobertura de nuvens.

Para o diretor-presidente do Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA/AL), Gustavo Lopes, os dados são resultado do trabalho do órgão em atuação com demais órgãos ambientais. “É um resultado muito satisfatório para o IMA. É um reconhecimento originado de um trabalho de muitos anos que realizamos aqui em Alagoas nas ações de criação de áreas de proteção, licenciamento, fiscalização e educação ambiental”, declara.

Unidades de conservação e ações de educação ambiental são algumas das estratégias de manutenção da vegetação que ocupa 55% do território de Alagoas. Divididas em Área de Proteção Ambiental (APA) e Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), atualmente, as Unidades de Conservação da Mata Atlântica alagoana abrangem aproximadamente 14,65% do bioma em Alagoas.

A Mata Atlântica é um bioma essencial para o fornecimento de água, estabilização do clima, conservação do solo e o bem-estar dos seres humanos. O IMA/AL, por meio da criação de unidades de conservação e ações de educação ambiental, atua na manutenção desses locais e na sensibilização socioambiental da comunidade.

BRASIL

A Mata Atlântica é o bioma brasileiro mais desmatado, segundo a SOS Mata Atlântica: apenas 12,4% da área de floresta original ainda sobrevive – cerca de 16,3 milhões de hectares. Em todo o país, 14.502 hectares foram desmatados entre 1º de outubro de 2018 e 30 de setembro de 2019, comparados a 11.399 no mesmo período entre 2017 e 2018 (1 hectare equivale a 10.000m²). Os números vinham caindo desde 2016. Os maiores desmatamentos continuam acontecendo nas regiões mais críticas: nas áreas interioranas, limite com o Cerrado em Minas Gerais e Bahia e nas região centro-sul no Estado do Paraná.

Bioma aparece em 17 estados brasileiros. A maior parte da Mata Atlântica do Brasil está em Minas Gerais, que tem 17% do bioma (cerca de 2,8 milhões de hectares). Em seguida vêm São Paulo e Paraná (com cerca de 2,3 milhões cada), Santa Catarina (2,2 milhões), Bahia (2 milhões) e Rio Grande do Sul, com 1 milhão de hectares. Outros 11 estados têm Mata Atlântica em sua área: Alagoas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Sergipe.

Bioma tem grande importância ambiental

Nesta quarta, foi comemorado o Dia Nacional da Mata Atlântica que se destaca por sua grande diversidade de espécies e também um alto grau de endemismo. O bioma possui uma enorme importância ambiental, como na regulação do clima da região, proteção de encostas contra erosões e deslizamentos de terras. Serve também de habitat e proteção para várias espécies de animais, além de fornecer matéria prima para a utilização humana em diversos fins.

A vegetação em Alagoas, também possui valores únicos no bioma, afirma Rosângela Lemos, curadora do Herbário MAC do IMA. “A flora alagoana de Mata Atlântica possui fragmentos de mata extremamente importantes e conta com o predomínio de angiospermas, grupo que se caracteriza por apresentar flores e frutos, mas em sua paisagem também estão incluídas outras formas como arbustos, epífitas algumas bastante conhecidas como orquídeas e bromélias, além de trepadeiras, ervas e lianas.

AÇÕES

Para sensibilizar a população e promover ações de manutenção da Mata Atlântica, o Instituto, realiza uma série de ações. Uma das que se destacam são os projetos nas Áreas de Proteção Ambiental e ações de educação ambiental na APA da Marituba do Peixe. “Temos vários projetos de educação ambiental que são executados nas áreas de mata atlântica, dando destaque ao Alagoas Mais Verde que tem objetivo de conservação desse bioma. Com ações de reflorestamento e arborização dos centros urbanos”, relata Ykison Emery, assessor ambiental da Gerência de Educação Ambiental (Gedam).

Fonte: Tribuna Independente, com assessoria / Lucas França

(Foto: Ascom IMA/AL)