O goleiro Cesar defendeu o CRB em duas oportunidades. Aqueles que o viram jogar atestam como um dos maiores arqueiros que já passaram pelo CRB. A comprovação desta qualidade se deu pela chegada ao Corinthians Paulista.

A trajetória de Cesar poderia ser marcada apenas pelos seus feitos mas o jogador carrega o peso de uma sentença silenciosa. César foi envolvido e acusado de ter participado de um escândalo nacional denominado Máfia da Loteria.

Jogando pelo Corinthians, César se via envolvido no escândalo em 1980 após um jogo entre Corinthians x Grêmio, sendo acusado de ter jogado a partida machucado. Mas a matéria sobre o goleiro Cesar citava um caso em Alagoas como o grande motivo para o seu envolvimento na Máfia da Loteria.
Foto: Reprodução Revista Placar

César é acusado de ter sido comprado pelo então presidente do CSA, João Lyra, no jogo final do Campeonato Alagoano de 1980, quando CSA e CRB empataram em 1 a 1 e com o resultado, o CSA ficou com o título.

Na última sexta-feira, César falou pela primeira vez em uma entrevista de rádio pela primeira vez sobre o assunto respondendo uma pergunta feita por mim em entrevista à Rádio Pajuçara FM 103,7. O goleiro nega com contundência o fato e traz duas explicações bem plausíveis para o assunto.

Primeiro o goleiro explica que sequer o referido jogo da decisão do alagoano fez parte dos jogos da Loteria Esportiva da época. Isso porque, a definição do jogo entre CSA x CRB na final só aconteceu na quarta-feira, que antecedeu a partida. O ASA poderia ser o finalista. A segunda parte da explicação reside na suposição que o gol sofrido na decisão, seria culpa de goleiro do CRB e portanto, ‘comprovava’ que o goleiro havia se vendido.

Para trazer a versão de César era preciso relacionar e contextualizar o momento, que gol foi este, a repercussão na época e para isso era preciso ouvir pessoas que participaram da partida. Todos os personagens ouvidos ou consultados são unanimes: Cesar não teve culpa no gol de empate do CSA.

Cesar foi o melhor jogador em campo. Jogadores, dirigentes e torcedores de ambos os lados atestam que o camisa 1 do CRB foi o melhor em campo naquela decisão, fechando o gol. Além disto, o gol tomado não reuniria qualquer chance de defesa, visto, que Zé Roberto Catuaba, atacante do CSA, que marcou o gol de empate e do título, se atirou contra a bola, dando um carrinho, impossibilitando a defesa do goleiro.

Testemunhos até mesmo de rivais, corroboram com a defesa contundente do goleiro regatiano. César guardou – e carregou – a sentença por 40 anos. Mergulhando no caso, pesquisando, veio a cabeça a frase marcante do goleiro Barbosa, apontado como culpado pela derrota do Brasil para o Uruguai na Copa de 50, ‘No Brasil, a pena máxima (de prisão) é de 30 anos, mas pago há 40 anos por um crime que não cometi’.

Coincidência ou não, os dois eram goleiros e negros. Cesar carregou a culpa por tão tanto tempo quanto o Barbosa. Cesar falou 40 anos depois. Ele tirou um peso e exorcizou um fantasma que o acompanha há muitos anos. Deve estar aliviado.

Blog do Marlon Araújo TNH-1
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