Por conta da pandemia do novo coronavírus, as datas comemorativas oficiais, não-oficiais, assim como os demais eventos festivos que por ventura teriam aglomerações precisaram ser cancelados, adiados ou comemorados de forma remota, como os festejos juninos. Porém, mesmo sem os arraias, shows tradicionais – um produto que não pode falta nesta época, é o milho verde. E o alimento já começou a ser vendido em várias ruas da capital e em cidades do interior de Alagoas.

O ingrediente principal para as comidas típicas do período começou a surgir e ser comercializado em pontos tradicionais de Maceió, como a praça da Faculdade, Mercado da Produção, Feirinha do Tabuleiro e em um trecho da Avenida Durval de Góes Monteiro ainda no final de maio. Mesmo com a procura baixa no início das vendas, os comerciantes do produto já estavam com a expectativa alta para a procura do milho com a proximidade dos dias festivos, como os Dias de Santo Antônio (13), São João (24) e São Pedro (29).

O vendedor Luiz Juvêncio que comercializa na região do Marcado da Produção, disse que nos dias que antecederam a comemoração do santo casamenteiro entre os dias 10, 11, 12 e 13 deste mês, a procura estava boa. Mas começou a ficar devagar novamente após essas datas. ‘’A procura deve aumentar agora com a chegada da data do Dia de São João. A partir de sábado, os clientes já começam a buscar pelo milho’’, disse acrescentando que os valores estão sendo os mesmos que já viam sendo praticados antes do período junino, “Estamos praticando o mesmo valor’’.

A cliente Maria do Carmo confirma que os valores estão excelentes e os produtos são de qualidade. “Sempre comprei aqui. Os produtos são bons e valores justos. Sou cliente fiel’’.

No interior de Alagoas, a procura e oferta do produto também estão sendo consideradas boas. O auxiliar administrativo Joel Filho, avalia que mesmo sem as festas tradicionais, o milho é um produto essencial na mesa dos nordestinos durante esse período. “O valor está ótimo. O produto está fácil de achar. Já comprei por esses dias para fazer canjica, pamonha, comer assado – no carvão já que as fogueiras estão proibidas este ano por conta da pandemia, e cozido… enfim, essas comidas típicas não podem faltar’’, comenta o morador de Paulo Jacinto que prefere comprar dos produtores da região.

Na maioria das cidades do interior, a mão do milho é comercializada por R$ 25, valor menor que na capital, onde é encontrada por R$ 30 em diversos bairros. A dica é pesquisar. De acordo com os comerciantes, o milho comercializado na capital geralmente vem de Pernambuco e Sergipe, mas existe também os produzidos no estado.

IMPORTANTE

O nutricionista Rony Lima lembra que o milho é um alimento presente na mesa do nordestino em todas as épocas do ano, mas em junho ganha ainda mais prestigio nas preparações de pratos diversos de comidas típicas. “Uma espiga tem em média 85 quilocalorias, podendo variar de acordo com tamanho e outros fatores. O alimento pode ser consumido por todos, com atenção especial para diabéticos e alérgicos ao produto. Tendo em vista que existem preparações a base de milho que podem ter adição de leite e outros ingredientes, que estão ligados a possíveis alergias ou intolerâncias, importante estar atento para evitar agravar um possível problema de saúde”.

Segundo o especialista, a melhor forma de consumir o milho seria in natura, forma em que se encontram preservadas as fibras, vitaminas, minerais e proteínas, “Sem esquecer que é composto na maior parte por carboidratos e contribui para promoção da saúde humana”.
Comidas típicas garantem extra a empreendedores

Sejam produzidas em casa ou compradas feitas, as comidas típicas com base de milho estão entre as prioridades de muitos alagoanos nesta época junina. E por isso, muita gente aproveitou o momento atual para ganhar uma grana extra como é o caso de Itaciara Albuquerque, que produz com a mãe.

“A ideia surgiu da necessidade de tentar ganhar uma renda extra nessa época. Visto que, muitas pessoas não poderiam sair de casa para comprar esse tipo de comida. E que elas estão presentes em nossas mesas, em reuniões e encontros, resolvemos fazer as comidas juninas para levar um pedacinho do São João para dentro da casa dessas pessoas’’, conta Itaciara.

Segundo a empreendedora, muita gente está procurando e querendo receber os produtos em casa. “Devido ao momento que estamos passando e pela praticidade, elas preferem. Mas as pessoas que moram perto também têm a opção do pegue e leve’’. Os valores segundo ela, são de acordo com o cardápio escolhido. ‘’Temos o cardápio “Pra eu” que serve uma pessoa e o cardápio “Pra Nóis” que serve quatro pessoas. Os valores vão de R$ 5 a R$ 30. E as comidas mais pedidas são; canjicas, arroz doce e o bolo de milho. Algumas pessoas ainda estão conhecendo a cocada mole, mas quem já conhece já é pedido na certa!’’.

Em Palmeira dos Índios e região, a procura por comidas típicas prontas também é boa segundo a dona de casa Maria de Lurdes Cordeiro Barros, que já faz a produção por encomendas há alguns anos. “As encomendas na maioria das vezes são por pamonhas. Mas faço canjica, bolo de milho verde cremoso, mugunzá e outras variedades de comidas com a base de milho’’, explica ressaltando que os preços variam conforme produto e quantidade. “A unidade da pamonha sai a R$ 4, a canjica de 200ml também é R$ 4 e R$ 8 os potes de 500ml. O mugunzá é R$ 30, porção de três litros, o bolo também faço por R$ 30”.

ESTABELECIMENTO

Clodoaldo Nascimento, proprietário de panificação e restaurante, localizados na Serraria, disse que todos os anos investe nos produtos à base do milho verde para este período. “A procura está alta e fazemos entregas pelo delivery iFood, pague e leve ou lá mesmo na padaria. Os valores estão entre R$ 3,50 a R$ 20 a porção. Para este ano colocamos no cardápio produtos inovadores: pastel de vento canela e açúcar, bolo Gonzagão, sorvete de milho verde, festa na caixa (produtos juninos)’’, conta informando que também terá sorteio de balaio junino, “mesmo distantes que alegria do São João esteja em nossos corações”.

Fonte: Tribuna Independente / Lucas França

(Foto: Edilson Omena)