Há quase 100 dias impedidos de trabalhar, por força dos decretos que impõem regras de isolamento e suspensão de vários serviços, como estratégia de combate ao coronavírus, cerca de 4.500 taxistas do interior de Alagoas, praticamente, imploram ao Governo do Estado pela autorização para voltar a circular. Além da dificuldade financeira, eles revelam que alguns trabalhadores estão desesperados. Até suicídio já foi registrado, segundo a Associação dos Taxistas do Interior (Atial).

O presidente da entidade, Luiz Carlos da Silva Liberato, informou que vai encaminhar, nesta sexta-feira (26), um ofício ao governador Renan Filho (MDB), solicitando medidas urgentes – que ele entende como necessárias – para recuperar a dignidade dos taxistas que rodam pelo interior. Os profissionais estão parados desde o dia 20 de março, quando passaram a valer as diretrizes de distanciamento social em todo o Estado.

“Nossa categoria está passando necessidade financeira, comprometendo, totalmente, o sustento familiar. Além disso, diante da crise, os taxistas não estão com condições para arcar com os custos do IPVA [Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores], licenciamento dos veículos, vistoria do GNV [Gás Natural Veicular], parcelas de financiamento veicular e habitacional. Eles, também, não conseguem pagar as despesas básicas, como energia elétrica, água e gás”, destaca o presidente da Atial.

Ele acrescenta que muitos trabalhadores o abordam, frequentemente, para relatar que entraram em desespero em meio à crise. Boa parte diz estar sofrendo de doenças psicossomáticas, como a depressão, e já há notificação de quem não aguentou a pressão e tirou a própria vida.

“Em tom de desespero por ver seus familiares passando necessidade, alguns taxistas foram em busca de renda para suprir o básico e tiveram seus veículos apreendidos”, comentou.

A Atial contabiliza que, aproximadamente, 18 mil pessoas (levando em consideração os 4.500 taxistas do interior) foram diretamente afetadas e estão em situação de risco econômico e psicológico pela suspensão dos trabalhos destes profissionais.

A entidade apela ao governador para que libere os taxistas ao fretamento intermunicipal por acreditarem que este serviço é essencial a quem vive no interior de Alagoas. Eles sugerem que, neste primeiro momento, os veículos rodem com 75% da carga, com os vidros abertos para circulação do ar ambiente e com os ocupantes usando máscaras. A classe se compromete a disponibilizar álcool em gel 70% e a higienizar os carros a cada viagem.

Por Thiago Gomes | Portal Gazetaweb.com

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