A paralisação dos setores da economia alagoana considerados não essenciais, imposta pelo decreto estadual como forma de parar o contágio do coronavírus, continua afetando diversos segmentos econômicos do estado, como as locadoras de veículos. No mês de junho, nas locações eventuais, referentes a turismo de lazer e negócios, a redução foi em torno de 80%, já no setor de aluguel para motoristas de aplicativos, a diminuição chegou a marca dos 60%. No geral, durante a pandemia, o setor de locação de veículos sofreu redução de 30%

O segmento de locação de veículos é diversificado, e como tal, uma análise deve ser feita da redução em cada setor, segundo Lusirlei Albertini, diretor da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis em Alagoas (ABLA). “Vou traçar um panorama da evolução do negócio neste último mês. Em abril, nas locações eventuais para turismo de lazer e negócio (o setor mais afetado), houve uma redução nas locações na ordem de 95%, este cenário em junho apresentou uma pequena evolução em torno de 15%, ou seja o encolhimento passa a ser de 80%”, disse.

“Já no setor de aluguel para motoristas de aplicativos, que é o segundo mais afetado, em abril houve uma redução de 80% nas locações, e no mês de junho teve de 15% a 20% de aumento, então, hoje, o encolhimento está na ordem de 60%. Já nos contratos corporativos, que são aqueles de longo prazo e que em abril apresentavam redução de 20%, também teve um leve acréscimo na ordem de 5% em junho, passando o encolhimento para 15%”, explicou Lusirlei Albertini.

O prejuízo do setor, segundo Albertini, vai de encontro a peculiaridade de cada locadora de veículos. Ele explicou que, se na locadora, o mix de negócios for bem distribuído em locações corporativas e eventuais, o prejuízo seria na faixa de 30%. Porém, se a locadora só possui locações eventuais, a situação se complica, chegando a um prejuízo na faixa dos 90%.

Outro fator importante para o diretor, é a respeito da revenda do veículo ao término de sua vida útil. Ele explicou que, no negócio de aluguel de veículos, o lucro só será realizado quando ocorre a venda, então nesse processo há três etapas, sendo elas, comprar bem os veículos, manter uma boa ocupação de aluguéis e vender estes veículos por preços de mercado. Ele frisou que, qualquer entrave em uma dessas fases resulta em um prejuízo enorme.

Para segurar a situação da melhor forma possível, Albertini conta que o setor vem aplicando redução de custos. “Temos trabalhado com redução de custo, sempre procurando preservar o posto de trabalho. Estamos aplicando as medidas de apoio governamental na redução ou suspensão do contrato de trabalho, renegociando extensão de prazo nos contratos de financiamento com os bancos credores ( já que nosso segmento é fortemente alavancado pelo sistema financeiro), assim, se não perdurar as medidas restritiva de circulação por muito tempo, o setor com certeza passará por este período de pandemia. Porém, após a pandemia será preciso se reinventar para sobreviver”, disse.

OTIMISMO

Apesar de números altos, o diretor da ABLA em Alagoas diz que está otimista e acredita que após a pandemia conseguirão se reestruturar. “Apesar de tudo, continuo mantendo o otimismo no setor. Acredito que pós pandemia, as pessoas que possuem condições para isto, tenderão a usar mais transportes individuais, aumentando assim a procura por aluguel de veículos. Quem usa transporte coletivo tenderá a usar veículos disponíveis em aplicativos tipo, Uber, 99, etc. Isso gerará uma demanda por aluguel para este fim. Este mesmo serviço virou um opção de sobrevivência para quem está sem emprego ou mesmo quem pretende praticar a atividade, consequentemente, gera aumento na procura por um carro alugado”, ponderou.

As 179 locadoras de Alagoas geram em torno de 1.213 empregos diretos, tendo uma frota total emplacada de 3.671 veículos e, segundo o Lusirlei Albertini, o setor está com atividades internas em funcionamento, uma vez que, no estado, uma grande parte das locadoras atende o poder público, com veículos para polícia (segurança pública) e para o sistema de saúde. De acordo com ele, todo o segmento está preparado para o retorno e seguindo todas as recomendações de saúde.

Por William Makaisy | Portal Gazetaweb.com
FOTO: Darren Staples/Reuters