A vida de chef de cozinha é dura. Sem direito a fins de semana e datas especiais, o cozinheiro passa mais tempo na cozinha do que em casa com a família. É preciso muita dedicação e, principalmente, amor para vencer na profissão. É o caso de Serginho Jucá. Hoje finalista do Mestre do Sabor e 15 anos depois de ter escolhido a gastronomia, ele costuma brincar que já viveu sua “história triste” e que “o sucesso já pode vir”. E é com essa energia lá em cima que esse alagoano quer conquistar o Brasil na decisão desta quinta-feira.

“Não existe futuro sem passado. Brinco que já vivi minha história triste e agora já pode vir o sucesso. Há 15 anos, ser cozinheiro não era uma profissão bem vista. Sofri muito na parte familiar e com a concorrência. Levei algumas rasteiras da vida, mas tudo isso foi o que me enrijeceu para este momento. Abri mão de muitas coisas por acreditar nessa gastronomia alagoana. Hoje estou numa energia maravilhosa, então cheguei ao Mestre do Sabor supertranquilo, bem à vontade, não senti o peso. Estou me descobrindo, me tirou fora da caixa. Posso dizer até que estou chocado com o Serginho Jucá no Mestre do Sabor”, admitiu.

Desde a primeira aparição no Mestre do Sabor, Serginho deixou claro que sua missão no programa seria defender a culinária de Alagoas, sua terra natal. Em seus pratos, elementos alagoanos sempre estiveram presentes, o que acabou virando sua marca registrada.

“Me considero devoto da gastronomia alagoana, um militante, é uma coisa muito de dentro. Passei sete anos na Espanha, mas quando voltei para Maceió, me senti na necessidade de esquecer tudo o que eu fazia na Espanha para não vir com um rótulo. Então apaguei e só guardei as técnicas. Maceió sempre foi presa à gastronomia nordestina, então precisei separar isso. O Nordeste é muito grande, cada um tem um jeito. Então, lutei por essa gastronomia alagoana. Para mim isso é muito importante, lutar pelas minhas origens”, declarou o chef.

E todo esse amor pelas coisas de Alagoas vem de berço. A avó de Serginho, Yeda Rocha, é sua maior inspiração. Durante o programa, o chef citou várias vezes o nome dela e, ao conversar com ele, fica fácil entender o porquê:

“Sempre falo da vovó, porque ela não é uma pessoa normal. Ela é maravilhosa de verdade. Uma entidade, uma pessoa muito querida, que todo mundo ama, e que a vida toda teve muito amor em cozinhar e servir. Nossa família é gigante, então, sempre um almoço na casa da vovó tinha 30 pessoas, e ela sempre fez isso muito feliz, sempre gostou de cozinhar. Então sempre relacionei a comida com um sentimento bom, um sentimento de família. Quando entrei na profissão, que é uma profissão dura, eu não deixei entrar essa parte negativa, porque o amor já estava ali bastante de base. E ela é a base de tudo. É a é referencia alagoana, minha primeira lembrança sempre vai ser ela”, contou.

Mas mesmo em Maceió, Serginho recentemente sentiu a necessidade de mudar e mergulhar ainda mais fundo na gastronomia alagoana. E conseguiu isso ao trocar a capital por São Miguel dos Milagres, onde montou seu restaurante à beira-mar.

“Passei sete anos no restaurante em Maceió, e ele ganhou várias coisas, mas quando você está em Maceió, você começa a se repetir, porque o espaço de criar se torna menor. Chegou uma hora em que eu precisava dar um novo passo. Eu queria ter um restaurante de degustação, e isso não consegui em Maceió. Quando mudei para Milagres estava buscando uma coisa mais autoral. Lá eu posso criar, mudar todos os dias. Minha obrigação é servir o melhor para o meu cliente. Eu não precisava mais provar que eu era um bom cozinheiro, eu só precisava fazer uma boa comida. Então aluguei uma casa à beira-mar, o peixe chega na minha porta, o meu restaurante fica ao lado de casa”, explica ele, que está com o restaurante fechado desde o início da pandemia.

E será que mudou muita coisa na vida do alagoano Serginho desde que apareceu no Mestre do Sabor?

“Tudo mudou. O alagoano que já me conhece, conhece minha luta, minha dor, o quanto lutei por Maceió, está muito feliz”, comemora ele, destacando também o carinho que passou a receber das pessoas.

Então, quando questionado sobre o que faria com o prêmio de R$ 250 mil caso seja o vencedor do Mestre do Sabor na quinta-feira, Serginho Jucá é sincero…

“E se eu disser que não saberia o que fazer com o prêmio?”

Na verdade, Serginho acredita que já ganhou muita coisa com o reality gastronômico. Além de ter seu trabalho reconhecido, ele certamente despertou em cada alagoano que o acompanhou no Mestre do Sabor um tanto de orgulho e admiração. E isso, para ele, não tem preço.

“Claro que pagaria umas coisas, investiria no restaurante, mas acho que ganhar não é tanto o propósito. Meu propósito é fazer um trabalho top. Todo mundo ali é merecedor. Se eu ganhar, vai ser uma delicia, mas eu penso depois. Não é só a gastronomia alagoana que eu tentei impor aos meus pratos, acho que também o carisma do alagoano, que adora servir, e acho que consegui passar esse amor pela cozinha. Esse orgulho alagoano sempre fez parte de mim. Acredito ter despertado isso nas pessoas também”, observou.

E Serginho ainda deixou um ensinamento para quem acompanha seu trabalho, seja cozinheiro ou não.

“Sempre falo: seja rápido, mas não tenha pressa, porque pressa é ansiedade, agonia, medo de falhar.”

Anotou? Então não perca a final do Mestre do Sabor. É nesta quinta-feira, logo após a novela Fina Estampa.

Por Gshow | Portal Gazetaweb.com

FOTO: Samuel Kobayashi/Gshow