Os cemitérios públicos da capital alagoana tiveram que ampliar a capacidade para enterrar os mortos durante a pandemia do novo coronavírus. O número foi elevado de 6 a 8 por dia para 20 a 30 diariamente. Agora, com o número de mortes pela covid-19 apresentando queda, a situação é diferente das retratadas desde meados de abril quando houve o registro do pico de contaminação pelo vírus.
A Superintendência Municipal de Desenvolvimento Sustentável (Sudes) informou que houve redução no número de sepultamentos nos cemitérios públicos. Atualmente são realizados, em média, 8 a 10 sepultamentos por dia. Desde o início do mês de junho este número vem reduzindo. Atualmente, a redução representa cerca 35%.
MAIO
O mês de maio registrou o maior número de sepultamentos, sendo 137 mortes por covid-19. Já em abril foram 308; maio com 699; junho com 413 e julho 320. Estes números representam o total de sepultamentos realizados nos cemitérios públicos da capital, independente da causa da morte.
No entanto, mesmo diante da fase avançada de flexibilização em Maceió, os critérios para velório e sepultamento, continuam os mesmos do início da pandemia em cemitérios públicos e privados de Maceió, obedecendo às determinações sanitárias cabíveis. Inclusive, os cemitérios continuam fechados para visitação, apenas para sepultamento.
De acordo com as determinações do Decreto Municipal, a entrada nos cemitérios é restrita às pessoas que forem autorizadas a participar de velórios e enterros. Velórios e sepultamentos de mortos pela covid-19, ou casos suspeitos, continuam tendo duração máxima de 1 hora, caixões fechados e a presença de até 10 pessoas.
De acordo com a agente funerária, Simone Costa, os óbitos por covid-19 têm diminuído, mas os cuidados com os corpos são os mesmos com todo o tipo de morte. Os velórios seguem acontecendo com no máximo 20 pessoas quando a morte não foi coronavírus, respeitando o distanciamento adequado. O tempo também segue reduzido independente da causa morte. A funcionária acredita que será assim por ainda muito tempo.
Sindya Vicente perdeu o primo há três meses, Eduardo Santos Batista, de 39 anos, teve um derrame que o levou a óbito. Ela lembra que a princípio havia uma suspeita de covid-19, porém o resultado deu negativo. “Mas os cuidados foram os mesmos por conta da suspeita, só foram quatro pessoas para o sepultamento que aconteceu no cemitério em Jaraguá, e o corpo seguiu em caixão lacrado, só deu tempo mesmo de a minha tia reconhecer que era mesmo o filho dela. Ela ainda vive o luto pela perda prematura, a saudade é grande”, frisou.
CUIDADOS
Nos casos de óbitos por covid -19, o corpo sai da funerária direto para o sepultamento, sem realização de velório e também de nenhuma cerimônia. Nesses casos, o caixão fica fechado durante todo o tempo. Já para os familiares que perderam entes queridos sem ter sido por conta da covid-19, a recomendação é a redução do tempo da cerimônia de sepultamento para até dez minutos e com, no máximo, dez pessoas presentes. Indicando também que seja mantida a distância mínima de dois metros entre os presentes.
A gerente funerária, Annielly Morgana, explica que a rotina dos serviços funerários permanece. De acordo com ela, o manuseio do corpo é feito com os EPIs necessários, conforme o tipo de atendimento para os casos suspeitos e confirmados. “Existe um EPI específico e um protocolo do Ministério da Saúde a ser seguido e, nesses casos, o óbito sai da unidade hospitalar para o sepultamento”, disse. “O reconhecimento do corpo para caso suspeito da Covid-19 se dá por um familiar somente, e depois de lacrado não é mais possível abertura para o familiar”, acrescenta.
Segundo ela, é utilizado um desinfetante ou álcool 70% para a higienização do corpo e da urna em todo o processo. Depois a urna é lacrada com fita PVC. Para os demais atendimentos utiliza-se macacão impermeável, avental em TNT, luvas, máscara, óculos e bota. Os velórios estão ocorrendo com a tampa fechada, ficando aberto somente o visor da urna quando há.
Fonte: Tribuna Independente / Ana Paula Omena
(Foto: Edilson Omena)