Cerca de 70% dos trabalhadores dos Correios em Alagoas deflagraram greve ontem (18). A categoria afirma que a direção da empresa descumpriu acordo coletivo firmado ano passado e cobra o cumprimento das cláusulas. A empresa contesta e afirma que 83% do efetivo em todo o país segue as atividades normalmente.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios em Alagoas (Sintect-AL), Alysson Guerreiro, diz que a empresa retirou 3% de aumento definido no ano passado após negociação judicial.

“A greve começou hoje [terça-feira, 18] e a nossa avaliação é de que tenhamos de 60 a 70% de trabalhadores parados. Em virtude da empresa tirar nosso acordo coletivo, firmado no ano passado pelo TST, um acordo que a gente teve um aumento de 3% ano passado, este ano não haveria aumento algum, porém o acordo seria mantido. Desde o dia 1º de abril que a empresa retirou as cláusulas do acordo coletivo e a única saída para os trabalhadores dos Correios foi paralisar”, defende.

Em nota enviada à imprensa, a empresa esclareceu que a paralisação é “parcial” e que não deve impactar nos serviços prestados à população.

“A paralisação parcial dos empregados dos Correios, iniciada pelas representações sindicais da categoria, não afeta os serviços de atendimento da estatal. Levantamento parcial, realizado na manhã de terça-feira (18), mostra que 83% do efetivo total dos Correios no Brasil está trabalhando regularmente. A empresa já colocou em prática seu Plano de Continuidade de Negócios para minimizar os impactos à população. Medidas como o deslocamento de empregados administrativos para auxiliar na operação, remanejamento de veículos e a realização de mutirões estão sendo adotadas”, afirma os Correios.

Ainda segundo a Empresa Brasileira de Correios, as mudanças foram uma adequação “ao modelo de mercado” e foi adotada para preservar a sustentabilidade econômica.

“Conforme amplamente divulgado, a diminuição de despesas prevista com as medidas de contenção em pauta é da ordem de R$ 600 milhões anuais. As reivindicações da Fentect, por sua vez, custariam aos cofres dos Correios quase R$ 1 bilhão no mesmo período – dez vezes o lucro obtido em 2019. Trata-se de uma proposta impossível de ser atendida. Diversas comunicações inverídicas e descontextualizadas foram veiculadas, com o intuito apenas de provocar confusão nos empregados acerca dos termos da proposta. À empresa, coube trazer as reais informações ao seu efetivo: nenhum direito foi retirado, apenas foram adequados os benefícios que extrapolavam a CLT e outras legislações, de modo a alinhar a estatal ao que é praticado no mercado”, informa a empresa.

O representante dos trabalhadores afirma que durante a pandemia o volume de entregas cresceu consideravelmente, aumentando a carga de trabalho. Mesmo assim, a empresa estaria se negando a negociar.

“Os Correios não querem negociar. É bom deixar claro que a gente não está pedindo aumento nenhum, estamos pedindo apenas que se cumpra o que foi definido no TST. A partir do momento que a empresa reavaliar essa questão a gente volta às atividades normais. Está claro que o trabalhador vem atuando sobrecarregado, já estava antes da pandemia, e com a pandemia ainda mais. A demanda subiu em torno de 30%”.

Fonte: Tribuna Independente / Evellyn Pimentel

(Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil)