A taxa de endividamento do maceioense reduziu 2,6% em agosto deste ano, na comparação com julho, segundo dados da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Alagoas (Fecomércio-AL). Em números absolutos, 5.776 consumidores da capital se livraram das dívidas no mês passado. Esta é a segunda e mais expressiva redução registrada durante a pandemia. A primeira foi em maio, quando 312 pessoas se livraram das dívidas. Todavia, na comparação com o mesmo período de 2019, o número é 11,6% maior.

Em agosto do ano passado o número de endividados em Maceió era de 191.406, o menor dos últimos 12 meses. Em números absolutos, o endividamento ainda era uma realidade para 213.145 maceioenses em agosto deste ano, o que representa uma taxa de 70,6% dos consumidores da capital. Segundo os dados, 21,6% deste endividados, o que significa 50.084, não terão condições de pagar as dívidas, que foram feitas, a grande maioria (95,1%) por meio do cartão de crédito.

Os números mostram que o pico do endividamento em Maceió nos últimos doze meses foi registrado em julho passado, quando 219.121 pessoas estava nessa situação. Em 2020 este número ainda não ficou abaixo de 200 mil, como registrado nos últimos cinco meses de 2019.

De acordo com os dados, 60,6% dos endividados não possuem contas em atraso, e 39,4% reconhecem que estão com dívidas em atraso. Dos que estão com dívidas em atraso, 59,6% afirma que não tem condições de pagar o que deve, 10,6% pode pagar totalmente e 16,4% pode pagar parcialmente. Dentre as famílias com contas em atraso, 66,4% está sem pagar o que deve a mais de 90 dias, 21,2% entre 30 e 90 dias e 12,3% está com atraso em até 30 dias.

Outro dado revelado na pesquisa é que 15,1% dos entrevistados estão comprometidos com as dívidas por mais de um ano. A maioria (50,1%) está comprometida com as dívidas entre três e seis meses, e a minoria (6,9%) está comprometida por até 3 meses. Em relação ao comprometimento da renda com as dívidas, 62,7% do endividados em Maceió comprometeram entre 11% e 50% do que ganham, 14% comprometeu até 10%; 3,9% comprometeu mais da metade da renda e 19,4% não sou ou não respondeu.

PROGRAMAS

De acordo com o economista Felippe Rocha, para compreender a redução do endividamento na variação mensal, é preciso analisar a empregabilidade no período. Segundo ele, nos dois meses anteriores a agosto houve saldo positivo na geração de postos de trabalho.

Rocha diz que em junho foram criados 807 empregos, cabendo destaque para Indústria (setor sucroalcooleiro) e a Agropecuária, 647 e 638, respectivamente, mas uma perda de 185 postos de trabalho na Construção e 321 no setor de Serviços. No mês de julho, foram criados mais 1.571 empregos, cabendo destaque para Agropecuária, 951 e a Construção, 356. Apenas o setor de Serviços perdeu postos de trabalho em julho, cerca de 110.

Porém, o economista diz que em Maceió o mesmo não vem ocorrendo. Rocha conta que nos dois últimos meses anteriores a agosto, foram perdidos postos de trabalho. 377 em junho e 652 em julho.

“Dessa forma, como não houve melhora na renda do trabalho, a explicação para redução do endividamento geral, das contas em atraso e da inadimplência reside na manutenção do Auxílio Emergencial, o saque emergencial do FGTS, que criou mais uma renda adicional extraordinária para o período e a contenção dos gastos dos consumidores”, avalia.

O economista conta que, somente em Maceió, de abril a julho, 326 mil pessoas foram beneficiados com o Auxílio Emergencial e R$ 638 milhões circularam na economia da capital, facilitando a redução do endividamento e da inadimplência na região.

“O saque emergencial começou a ser disponibilizado no final de junho e teve permissão inicial para saque em espécie, para nascidos em janeiro e fevereiro, no final de julho. Essa modalidade também ajudou os maceioenses com renda adicional para reduzir seus níveis de endividamento”, explica.

Por Clariza Santos | Portal Gazetaweb.com
FOTO: Greyce Bernardino