A Secretaria Municipal de Saúde de Maceió (SMS) anunciou esta semana a extinção do Complexo Regulador Assistencial de Maceió (Cora) e a substituição por um novo sistema o Centro de Gestão Integrada da Saúde (Cegis). A promessa, segundo o órgão é de melhorar a assistência aos pacientes que utilizam o Sistema Único de Saúde (SUS) na capital. No entanto, segundo o Conselho Municipal de Saúde, ainda não é possível avaliar se há ganhos para a população.

Segundo a presidente da entidade, Flávia Citônio, os detalhes dos contratos envolvendo os novos serviços ainda não foram apresentados. Uma reunião está prevista para o próximo dia 17 e deve abordar quais mudanças de fato ocorrerão no serviço.

Mas, na avaliação de Flávia, apenas a mudança de um sistema para outro não é suficiente para gerar efeitos positivos que sejam sentidos pela população.

“Sobre essa nova ferramenta de marcação e regulamentação, não foi passado tudo ainda para o conselho não. Será dia 17 inclusive com a empresa que vai gerir. Já oficiamos a gestão para que eles nos passassem tudo: o contrato, o valor, os serviços, quais os ganhos para a comunidade. Porque o complexo regulador é um garçom, só serve aquilo que a gestão compra, o que tem que acontecer é a gestão comprar mais serviços para ofertar à população. É muito difícil para o Conselho formar uma opinião sem essas informações todas. Não sabemos se a gestão comprou serviços, se houve contratualização com novos prestadores. Porque se comprou mais serviços lógico que é melhor para a população, mas se não houve ampliação dos serviços, só mudar o sistema por mudar não adianta”, pontua.

Flávia explica que o problema principal envolve a quantidade de vagas em consultas, exames e procedimentos disponíveis à população que depende do SUS, que segundo o Conselho, representa mais de 90% dos maceioenses.

“Um dos problemas é o absenteísmo. As pessoas quando não vão para as consultas aquela vaga não é reaproveitada porque já passou o agendamento. Esse é um gargalo que o Cora tem/tinha, de não conseguir passar para o usuário. Outro problema envolve a oferta de serviços de média e alta complexidade, especialidades. A gente sempre vai ter uma demanda muito grande de SUS porque mais de 90% da população de Maceió depende dele. A gente espera que a gestão com uma nova contratualização, com novos contratos tenha comprado um leque de procedimentos a mais porque existe uma dificuldade de acesso na quantidade que a população precisa, principalmente ultrassom, endoscopia”, enfatiza.

Francisco de Paula é usuário da unidade de saúde do Vilage Campestre e membro do Conselho Gestor. Ele diz que têm havido mudanças no atendimento, mas que principalmente devido a pandemia, não conseguiu perceber diferenças. “Eu estou um pouco afastado devido a pandemia, não tenho utilizado tanto, mas chegaram umas pessoas de uma nova empresa, disseram que vão enviar os resultados pelo WhatsApp, que vai ser mais fácil, mas ainda não posso dizer que melhorou”, defende.
Projeto piloto é implantado no 2º Centro

De acordo com a SMS, uma espécie de “projeto piloto” foi implantada no 2º Centro de Saúde Diógenes Jucá Bernardes Netto, localizado no Poço, e no Centro de Especialidades Eliane Machado, no Centro. “Em funcionamento desde agosto, já apresentou melhorias significativas na assistência aos pacientes”.

“Esta atividade vem sendo estudada e trabalhada há mais de um ano entre a SMS e a Indra e depois de muito estudo com diversos setores, a solução está em fase de implantação demonstrando resultados expressivos”, afirma Andréa do Amaral, gerente de Operações da Indra, empresa responsável pela gestão da marcação de procedimentos da SMS.

Ainda de acordo com a Secretaria, o sistema envolve mudanças na gestão hospitalar, controle, avaliação, auditoria e financeiro, e atende a requisitos estratégicos previstos pelo Ministério da Saúde.

“Entre os resultados obtidos estão a melhoria nos indicadores de saúde, como a otimização do tempo de marcação, reduzindo em média 50% do tempo com relação ao sistema anterior, fim das filas nas unidades, pois os pacientes recebem a marcação por ligação ou WhatsApp, redução da falta dos usuários de 80% para 45%, mesmo com a pandemia, e visão integrada do mapa de ofertas, necessidades, filas e produtividade em tempo real”, disse o órgão.

O secretário municipal de saúde, José Thomaz Nonô foi procurado para explicar as mudanças, os custos e o impacto para a população, mas até o fechamento desta edição, não obtivemos retorno.

Fonte: Tribuna Independente / Evellyn Pimentel

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