A Defesa Civil de Maceió trabalha com a possibilidade de ocorrência de um colapso na região das minas de sal-gema “a qualquer momento”. Segundo estudos feitos até agora por diferentes instituições com a velocidade atual de afundamento a formação de um sinkhole (buraco, em tradução livre) pode ocorrer “ainda este ano ou no ano que vem”.

O geólogo Antonioni Guerreira é responsável pelo monitoramento e avaliações técnicas da região afetada pela subsidência. Ele afirma que as evidências até agora indicam um risco iminente.

“Pode ocorrer a qualquer momento tanto é que a melhor medida a ser tomada foi a remoção e interdição para resguardar quem passasse por ali. A Defesa Civil trabalha com risco e prevenção. Existe um estudo contratado pela Braskem para prever o período de um possível colapso. Essas previsões são determinadas com base em movimentos em superfície. E eles estimam uma data para possível colapso na área. Esses dados e essas previsões são com base em estudo corriqueiros e que precisam ser atualizados num curto espaço de tempo, porque as previsões podem mudar, mas algumas dessas previsões estimam para fim deste ano, início do outro. Numa data próxima”, afirma.

O especialista garante que desde os primeiros estudos a ocorrência de um colapso já vem sendo discutida e que pode gerar “danos severos”.

“Em 2018, a CPRM já havia relatado a possibilidade de ocorrência de um sinkhole. Toda aquela região de maior concentração de minas está sujeita a esse risco e de gerar danos severos. Isso vai depender do diâmetro das minas, mas seria algo em torno de 40 metros. Por isso a Defesa Civil recomendou a realocação e a interdição […] Se na próxima análise os dados indicarem que houve desaceleração, as previsões devem ser mais tardias. Mas a Defesa Civil sempre trabalha com a possibilidade pior possível e existe essa possibilidade”, diz.

Recentemente a Prefeitura de Maceió divulgou que a Avenida Major Cícero de Góes Monteiro, interditada no ano passado, deve receber um maior controle para que não haja fluxo de veículos que insistem em transitar pela região.

“Além do tráfego indevido na região, a necessidade de controle de acesso em trecho da Avenida Major Cícero se deve ao fato de que o monitoramento realizado na área aponta que o fenômeno de subsidência tem se mostrado atuante com o surgimento de novas evidências do problema e, ainda, relatórios apresentados pela empresa Braskem em setembro deste ano (confeccionados por instituições contratadas pela mineradora) que apontam índice elevado de subsidência e projetam prazos para possíveis colapsos de minas com impacto na superfície, caso nenhuma medida seja adotada para estabilização das minas de exploração de sal-gema”, informa o órgão.

O geólogo Antonioni Guerreira reforça o alerta sobre a região. “A orientação é de que as pessoas não passem, evitem o local. Vão ser instaladas cancelas, um maior controle para que esse tráfego seja evitado”.

MINAS

Uma das possíveis soluções para o fenômeno é o preenchimento das minas em situação crítica.

“Existe um projeto da Braskem e da ANM, que é a agência reguladora para preenchimento de cavidades principalmente aquelas que estão mais críticas, sujeitas a colapso. Mas eles já relataram que isso demora, deve levar de dois a três anos”, diz o geólogo.

“A Braskem vem implementando ações de preenchimento de 4 poços de sal com material sólido, processo que deve durar 3 anos, e de fechamento convencional e monitoramento dos seus demais poços de sal. Estas ações foram definidas com base em recomendações de instituições independentes e especialistas de renome nacional e internacional, e vêm sendo compartilhadas com a ANM (Agência Nacional de Mineração)”, destacou.

A Braskem acrescentou que a ANM definiu “medidas adicionais” para a operação, sem, no entanto, especificar quais são.

“Em ofício enviado à Braskem no mês de novembro, a agência reguladora definiu algumas medidas adicionais, que estão ainda em tratativas. Essas medidas podem ser reavaliadas no futuro, em caso de estabilização do solo da região”.

Fonte: Tribuna Independente / Evellyn Pimentel

(Foto: Edilson Omena)