Um hobby funciona como uma válvula de escape para as tensões e preocupações do dia a dia, mas é uma medida imprescindível para quem tem algum quadro envolvendo ansiedade, de transtorno de ansiedade generalizada à sensação natural que atinge todo e qualquer ser humano em circunstâncias estressantes.

Ter um hobby pode ajudar a driblar os sintomas e a melhorar o humor. Trata-se de uma forma de lazer, um passatempo, uma distração. Assim, por mais que você goste de sua profissão, realizar algum tipo de hobby envolvendo trabalho não surte o efeito desejado. É preciso que, ao se dedicar a ele, você se desconecte totalmente de algum tipo de obrigação e entre num ritmo diferente.

Vale lembrar que ansiedade é um termo geral, usado para caracterizar distúrbios que causam angústia, medo, nervosismo e apreensão. Ela é uma reação natural a algumas situações da vida, como uma entrevista de emprego ou na véspera de exames de saúde. O problema acontece quando esses sentimentos são vivenciados de forma intensa e bastante frequente, comprometendo a qualidade de vida e a saúde emocional —transformando-se numa doença.

Segundo estimativas da OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgadas em maio deste ano, 9,3% dos brasileiros —mais de 18 milhões de pessoas — apresentam sintomas de ansiedade, como distúrbios do sono e do apetite e dores musculares. Pesam nesse cenário.

Lazer traz bem-estar

O hobby tem um papel importante na liberação de substâncias como dopamina e serotonina, neurotransmissores reguladores do humor e que promovem a sensação de prazer e bem-estar.

As opções são várias: tricô, desenho, práticas como pilates e ioga, lutas, corrida, meditação, escrita, leitura, jardinagem, jogos interativos, jogos de tabuleiro, videogame, decoupage (decorar um objeto colando recortes de papel colorido), teatro, música etc. Ao escolher algum, é importante que a pessoa tenha algum interesse ou afinidade por ele. Caso contrário, só vai se transformar em um compromisso extra na agenda.

É importante ressaltar, entretanto, que pacientes com transtorno de ansiedade, seja qual for o tipo (fobia social ou transtorno de pânico, por exemplo), apresentam prejuízos significativos na qualidade de vida. Por isso, a escolha do hobby ideal pode, muitas vezes, não contribuir de uma maneira eficaz no tratamento.

Se uma pessoa com fobia social escolher uma atividade solitária, por exemplo, qual a sua relevância para o quadro? Os transtornos de ansiedade precisam de tratamento psicológico e psiquiátrico, sendo que alguns deles vão fazer uso de medicação. Conversar com o médico sobre as opções pensadas é uma ideia válida, pois somente em um contexto desses podemos pensar em um hobby que exija concentração e ao mesmo tempo propicie diversão pode ser uma boa alternativa.

Se pensarmos na ansiedade advinda de uma causa médica, ela precisa ser resolvida antes. Como a ansiedade é, na maioria das circunstâncias, antecipatória, pensar em um hobby que exija concentração e ao mesmo tempo propicie diversão pode ser uma boa alternativa.

Fontes: Diego Tavares, psiquiatra especialista em depressão e bipolaridade do IPq-HCFMUSP (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo); Fernando Gomes, médico neurocirurgião, neurocientista e professor livre docente de neurocirurgia do HCFMUSP; Jader Carvalho Mioto, psicólogo do HM (Hospital Santa Mônica), em Itapecerica da Serra (SP); Kalil Duailibi, professor assistente da Universidade de Santo Amaro e professor titular do Instituto de Psiquiatria e Psicanálise da Infância e Adolescência, em São Paulo (SP); Lívia Beraldo de Lima Basseres, psiquiatra do Hospital Santa Paula, em São Paulo (SP); Luiz Scocca, psiquiatra pelo IPq-HCFMUSP e membro da APA (Associação Americana de Psiquiatria); Silvia Cury Ismael, gerente de psicologia do HCor (Hospital do Coração), em São Paulo (SP).

R7 \ Heloísa Noronha \ Colaboração para o VivaBem

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