O Plano Estadual de Vacinação contra a Covid-19 em Alagoas teve início no dia 19 de janeiro. Nesta primeira etapa da campanha, o público prioritário são os profissionais da saúde e os idosos acima de 75 anos. Mas isso deixou um embate entre os profissionais da educação e o Governo.

De um lado, o governo sinalizou a data de retorno às aulas presenciais da rede pública de ensino que deve ter início no dia 8 março. Do outro, estão os profissionais da educação que discorda do retorno antes que sejam vacinados. Ao TH Entrevista, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação em Alagoas (Sinteal), Consuelo Correia, explica que nenhum profissional tem intenção de não voltar às aulas presenciais, apenas estão receosos por conta do risco a vida com a Covid-19.

“Já sentamos com o secretário de educação do município e encaminhamos ofício ao estado, mas ainda não tivemos oportunidade de sentar. A preocupação é muito grande. Nós saímos com uma campanha nas mídias sociais cobrando vacina para todos. Para que as aulas voltem é preciso uma testagem em massa tanto dos estudantes como dos profissionais da educação – porque na escola a natureza do trabalho é de aglomeração. Não existe aula presencial sem aglomeração. Ou seja, é crucial que esses profissionais entrem no grupo prioritário da vacinação para que nós retornemos as aulas com segurança, em primeiro lugar a vida’’, ressalta Correia.

Consuelo Correia explica que o risco iminente também está relacionado ao translado dos estudantes. “Uma vez que muitos deles usam o transporte coletivo, têm ambientes familiares diferentes, hábitos diferentes, residências pequenas com convívio com familiares de grupo de risco, então a contaminação pode ocorrer nesses translados. Ou seja, risco para os estudantes e para os profissionais da educação. E acredito que os gestores também vão se sensibilizar com essa preocupação e não iniciar as aulas se não tiver essa segurança, testagem e vacinação para todos. Mas uma vez saliento que não estamos se negando a trabalhar. Temos inclusive um carinho afetivo com os alunos, mas é preciso pensar na vida e discutamos isso com mais propriedade. Além disso, precisamos ser ouvidos porque se houve os profissionais da saúde, os políticos, mas não os profissionais da educação que sabem como funciona o ambiente escolar’’, expõe.

A representante sindical esclarece que, no caso dos bares e praias, as pessoas vão por vontade própria, mas quando se faz um decreto para retorno as aulas, os profissionais têm que ir ao trabalho, pois se não perdem o emprego. “É justamente isso que não pode acontecer, ainda mais em uma época como essa’’.

Vale lembrar que o governador Renan Filho já sinalizou que irá colocar os professores no grupo prioritário, mas ainda não existe um cronograma e nem em qual etapa da vacinação que isso irá acontecer. “Tem a sinalização, mas ainda não sabemos datas, uma vez que não há doses de vacina para todos. E, como disse, as aulas já estão previstas para início de março”, ressaltou Consuelo, indicando que a alternativa é continuar as aulas remotamente. “Mas os gestores devem dar as condições para os profissionais e estudantes”.

Consuelo alertou sobre as condições das aulas remotas. “Muitos estudantes não tinham internet e meios para acessar as aulas e profissionais da educação tiveram que se virar por conta própria para minimizar o máximo de danos para os alunos e para eles”.

Fonte: Tribuna Independente / Texto: Lucas França

(Foto: Jonathan Canuto)