A ONG SOS Pet Pinheiro quer a criação de um abrigo para acolher os animais abandonados nos bairros que sofrem com afundamento. Segundo a entidade a situação continua se agravando e não há expectativa de solução. Principalmente porque a sede da ONG deve ser desocupada nos próximos meses.

No ano passado a ONG denunciou à Tribuna Independente o avanço do abandono de animais. Segundo levantamento mais de 5 mil, a maioria gatos, vagam nos bairros que vêm sendo esvaziados.

“O imóvel que nós temos atualmente vai ser desocupado. Nós temos o prazo de cinco meses para que ele seja selado. A coordenadora do projeto entrou com solicitação no Ministério Público para que haja providência. De agosto para cá, nós tivemos algumas audiências. Ficou determinado que a Braskem elaborasse um projeto para assistência a esses animais, porque muitas pessoas que saíram das casas deixaram seus animais para trás, muitos fugiram. Os animais procriaram de uma forma absurda, de um mês para cá temos resgatado muitos filhotes sem a suas mãezinhas, são filhotes de dias que não conseguem sequer se alimentar. Os filhotes na maioria estão na casa de voluntários, sendo alimentados por seringas, porque sem essa assistência esses animais morrerão”, afirma Vanessa Oliveira, uma das voluntárias do projeto.

A voluntária reclama da falta de ações enérgicas para solucionar o problema. Segundo Vanessa, existem animais morrendo de inanição, por atropelamento ou ainda sofrendo maus-tratos. Ela afirma que pode ocorrer um problema ainda maior com esses animais migrando para outras partes da cidade.

“Nós batemos na mesma tecla de que é necessário um ambiente para esses animais. Nós nos vemos de mãos atadas, sem conseguir ver num fundo do poço uma solução. Estávamos com uma faixa de 50 gatos. Fizemos uma campanha e graças a Deus conseguimos adoção de 10 gatos, as pessoas se mostram solidárias. Existem muitos filhotes que não devem ser devolvidos às ruas porque não vão sobreviver, é uma luta constante, diária e vemos tudo isso ir de água abaixo porque não há uma solução. Seria um lar temporário para tirar esses animais das ruas, fazer parcerias com supermercados, feiras para encontrar quem aceite adotar”, diz.

“Solução depende de construção de fatores”

O coordenador técnico do Programa de Apoio aos Animais realizado pela Braskem em parceria com a Ufal, professor Pierre Escodro, afirma que a solução para o problema depende de uma “construção de fatores” que envolvem a prevenção do abandono.

“Houve uma melhora. Desde que a Ufal entrou foi feito o diagnóstico do bairro e começamos a acompanhar as mudanças. Antes tínhamos 50% de fuga e atualmente essa fuga tem diminuído para 11%, do ponto de vista das mudanças isso melhorou. Temos feito a castração, vermifugação e devolução, temos feito e entendido a dinâmica disso… Nesse momento já vacinamos mais de 1.100 animais nas casas, fora os 400 gatos castrados que também foram vacinados, um abrigo não vai resolver o problema… Certas ONGs tem trabalhado essa questão do cuidado com animais e fazendo essa propaganda e a gente está tendo a soltura de animais. Hoje mesmo encontramos um cão com a coluna quebrada no Bom Parto. Esse cão não era do bairro. A discussão do abrigo faz com que amplie essa questão do abandono. Temos trabalhado essa questão da ética, quanto mais abrigo, mais teremos animais abandonados”, argumenta o especialista.

Ele afirma que é preciso que as pessoas sejam orientadas a não abandonar os animais. “O trabalho é mais uma questão de conscientização, responsabilização do que de abrigo. As discussões não são simples. Entramos na questão com um atraso de no mínimo um ano e vai levar um tempo para que seja resolvido”.

PREFEITURA

Procurada a Prefeitura de Maceió informou que o trabalho de controle e cuidados com os animais é de competência da Braskem.

“Não cabe a Unidade de Vigilância de Zoonoses abrigar ou acolher animais sadios e sim animais com suspeitas de zoonoses. De toda forma a Unidade tem dado apoio as ações desenvolvidas pela Fundepes e Braskem”, disse a Prefeitura em nota.

O Ministério Público Estadual (MPE) também foi procurado, mas até o fechamento desta edição a assessoria de comunicação não retornou o atendimento da demanda.

Fonte: Tribuna Independente

(Foto: Edilson Omena)