A Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) anunciou ontem (4) que as 102 cidades do estado irão seguir a recomendação da força-tarefa de combate à Covid-19 do Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE), que recentemente expediu recomendação aos gestores municipais para que eles não promovam qualquer tipo de evento durante o carnaval em razão da pandemia do novo coronavírus.

Dentre os pontos recomendados, a AMA orientou que os municípios não realizem quaisquer festividades públicas pertinentes ao período, o cancelamento de contratos, publicação de editais ou qualquer tipo de despesa, repasses, patrocínios ou outras formas de destinação de recursos públicos para eventos de carnaval, inclusive contratação de shows musicais ou artísticos.

À Tribuna Independente, o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Thiago Falcão, pontuou que com o cancelamento do Carnaval a perspectiva é de retração comparado aos outros anos, mas que ainda acredita num resultado satisfatório para o setor.

“A gente acredita que mesmo com as remarcações e cancelamento a gente ainda possa ter um resultado satisfatório mesmo que seja menor do que os outros anos em relação a esse período de carnaval. Isso se dá porque ainda vai ter pessoas viajando ao nosso destino de modo geral. Os bancos já se posicionaram que vão ter a questão do fechamento. Isso dá uma movimentada também de pessoas querendo viajar e a população já tem por costume essa questão das saídas e do aproveitar o carnaval. Então a gente acredita que mesmo que tenha retração a gente ainda tenha uma movimentação relevante em bares e restaurantes”.

A reportagem da Tribuna repercutiu o assunto com o Observatório Alagoano de Políticas Públicas para o Enfrentamento da Covid-19 e a Sociedade Alagoana de Infectologia.

Para Denisson da Silva Santos, integrante do Observatório, é uma decisão importante a suspensão do carnaval, assim como foi a dos festejos juninos do ano passado. No entanto, ele destaca a preocupação em relação a realização de festejos particulares.

“É possível que a população assim como no natal e ano novo faça seus festejos particulares favorecendo ao espalhamento do vírus. Pois, como já foi muito falado o que preocupa não é letalidade do vírus em si, mas a capacidade de transmissão que pode levar a saturação do sistema de saúde como já ocorreu tanto em outros países, como no nosso”.

Essa é a mesma preocupação do também integrante do Observatório, Jonas Augusto. Ele ressalta que se ocorrer os festejos particulares, pode acontecer como ocorreu na Bahia. Um levantamento indicou o aumento expressivo dos novos casos de Covid-19 em Porto Seguro após o réveillon de aglomerações e festas em algumas das praias mais procuradas do país.

“Essa foi uma decisão muito acertada dos municípios. Estamos no auge na segunda onda da pandemia, colhendo os frutos das aglomerações de final de ano.”

Para a infectologista Luciana Pacheco, membro da Sociedade Alagoana de Infectologia, a ressalva a essa decisão tomada pelos municípios alagoanos é a importância das pessoas não se aglomerarem. Ela destaca que foram as aglomerações do período eleitoral, Natal e Réveillon que alavancaram o número de casos no estado, principalmente na capital.

Fonte: Tribuna Independente / Texto: Carlos Victor Costa

(Foto: Secom Maceió)