O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que é uma prévia da inflação oficial do país, saltou para 0,93% em março, segundo divulgou nesta quinta-feira (25) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Trata-se do maior resultado para um mês de março desde 2015 (1,24%) e da maior taxa mensal desde dezembro (1,06%).

O indicador teve uma forte aceleração na comparação com fevereiro, quando ficou em 0,48%.

Em 12 meses, o IPCA-15 acumula alta de 5,57%, acima dos 4,57% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores e da meta de inflação para 2021.

O resultado ficou levemente abaixo das projeções de analistas de consultorias e instituições financeiras consultados pelo Valor Data, que projetavam alta de 0,96% em março. O intervalo das estimativas era de 0,83% a 1,06%.

A gasolina foi o item que mais pressionou a inflação no mês, com alta de 11,18%, representando sozinha um impacto de 0,56 ponto percentual no índice. Foi o nono mês consecutivo de alta.

Também houve alta nos outros combustíveis: etanol (16,38%), óleo diesel (10,66%) e gás veicular (0,39%).

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, 8 tiveram alta em março. A maior taxa foi verificada em Transportes (3,79%), que aceleraram em relação a fevereiro (1,11%), sobretudo em decorrência do aumento nos preços dos combustíveis.

A segunda maior pressão no resultado do IPCA-15 de março veio do grupo Habitação, com alta de 0,71%. O destaque foi o gás de botijão, que aumentou 4,60% e registrou o 10º mês consecutivo de alta.

Veja o resultado para cada um dos grupos pesquisados:

Alimentação e bebidas: 0,12%
Habitação: 0,71%
Artigos de residência: 0,55%
Vestuário: 0,03%
Transportes: 3,79%
Saúde e cuidados pessoais: 0,24%
Despesas pessoais: 0,10%
Educação: -0,51%
Comunicação: 0,02%
Preço das carnes sobe 1,72%
Entre os alimentos, o destaque de alta foram as carnes (1,72%).

O grupo de alimentação e bebidas subiu 0,12% em março, desacelerando em comparação com fevereiro (0,56%). Os alimentos para consumo no domicílio caíram 0,03% após 7 meses consecutivos de alta, sobretudo por conta das quedas nos preços do tomate (-17,50%), a batata-inglesa (-16,20%), o leite longa vida (-4,50%) e o arroz (-1,65%).

O custo da alimentação fora do domicílio também desacelerou em comparação com o mês anterior, registrando 0,49% em março frente 0,56% de fevereiro. O índice foi influenciado pelo lanche (0,64%) e pela refeição (0,33%), itens que, em fevereiro, aumentaram 1,20% e 0,37%, respectivamente.

Todas as regiões pesquisadas pelo IBGE apresentaram alta no mês. A maior foi na região metropolitana de Belém (1,49%). A menor foi na região metropolitana do Rio de Janeiro (0,52%).

Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados no período de 12 de fevereiro a 15 de março de 2021 e comparados com aqueles vigentes de 15 de janeiro a 11 de fevereiro de 2021. O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia.

A metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica.

Perspectivas e meta de inflação

A meta central do governo para a inflação em 2021 é de 3,75%, e o intervalo de tolerância varia de 2,25% a 5,25%. Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), que agora está em 2,75% ao ano.

Os analistas das instituições financeiras projetam uma inflação de 4,71% no ano, acima da meta central do governo, conforme aponta a última pesquisa Focus do Banco Central. O mercado também elevou a expectativa para taxa Selic ao final de 2021, de 4,5% para 5% ao ano.

Em 2020, a inflação fechou em 4,52%, acima do centro da meta do governo, que era de 4%. Foi a maior inflação anual desde 2016.

G1
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