Coleção de declarações desastrosas, incentivo a tratamentos ineficazes, promoção de aglomerações. Em mais de um ano de pandemia, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), além de politicamente comprar briga com governadores e atrapalhar as gestões que estão combatendo o coronavírus, que no Brasil já ultrapassou o número de 300 mil mortos, nunca cumpriu um papel de líder de uma nação em meio ao caos viral que o país vem passando.

Na última semana, o deputado e presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), subiu o tom e durante um discurso na Casa Legislativa mandou um “recado” para o presidente Jair Bolsonaro. Ele citou que poderá usar “remédios amargos” para tentar conter a “espiral de erros” no combate à pandemia. E reforçou que alguns desses remédios podem ser “fatais”.

“Não é esta a intenção desta presidência. Preferimos que as atuais anomalias se curem por si mesmas, frutos da autocrítica, do instinto de sobrevivência, da sabedoria, da inteligência emocional e da capacidade política. Mas alerto que, dentre todas as mazelas brasileiras, nenhuma é mais importante do que a pandemia. Esta não é a casa da privatização, não é a casa das reformas, não é nem mesmo a casa das leis. É a casa do povo brasileiro. E quando o povo brasileiro está sob risco nenhum outro tema ou pauta é mais prioritário”.

O discurso de Arthur Lira foi feito após reunião com os chefes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. O encontro teve o objetivo de buscar soluções para conter o agravamento da crise da Covid-19 no país.

A coordenadora da bancada federal, deputada Tereza Nelma (PSDB) escreveu em seu blog que o governo Bolsonaro está derretendo por não defender a vida. Em seu texto ela destaca que hoje já existe uma convergência de opiniões, apesar de divergências pontuais de avaliação, de que o Governo do presidente Jair Bolsonaro dificilmente conseguirá se reerguer, após o fracasso total de suas ações de combate à Covid, atestado por 300 mil mortes.

“Suas atitudes, quase diárias, de provocações e geração de conflitos, de combate a tudo que é necessário para salvar vidas (falta de oxigênio, de leitos, de planejamento para comprar vacinas) provocou o distanciamento até dos setores bolsonaristas mais moderados. A cada dia mais um deputado federal ou senador se desgarra do apoio ao governo. E os setores da direita responsável que o apoiaram também se distanciam. Resta o Centrão, que pretendeu fazer uma frente de sustentação de Bolsonaro, mas já está vivendo momentos de crescente tensão”.

A deputada ressalta ainda que pouco a pouco vai se formando uma frente ampla, unida contra as ações de Bolsonaro no combate à Covid.

“Um quarto ministro da saúde foi nomeado, mas não desperta mais esperança, pois já afirmou que vai continuar a desastrosa política anticientífica de governo. Diariamente, com coragem, a mídia enfrenta ameaças, mas vem divulgando a realidade. Espero que a bancada federal de Alagoas contribua mais para a formação dessa frente pela vida, cada um mantendo seu perfil político. Isso não só é possível, como necessário. E vai englobar também o governador de Alagoas, os prefeitos, e as organizações da sociedade civil. Será, necessariamente, maior que a soma dos partidos políticos que temos”.

Fluxo da imunização é criticado e deputados pedem pressa

O deputado Paulão (PT) avalia como péssimo e desarticulado o desempenho do governo Bolsonaro no combate à pandemia.

“Entrando em conflito com os governadores. Fazendo o negacionismo em relação à ciência. Ele como autoridade maior, passando mal exemplo para a população quando não usa máscara, faz um processo de receituário que não tem base científica nenhuma. Então, por tudo isso, no desempenho péssimo e que contribuiu de forma destacada para que esses números, infelizmente, seja um dos mais altos do mundo. Um verdadeiro genocídio”.

Já o deputado Pedro Vilela disse ter críticas à condução do Governo Federal e Estadual no combate à pandemia. Ele pontua que apesar de a operacionalização do auxílio emergencial ter superado expectativas, há problemas quanto ao fluxo de vacinação.

“Embora sejamos o 5º país do mundo em números absolutos, vacinamos menos do que 8% dos brasileiros. O momento, no entanto, é de reunião de esforços e, após superada a crise, apurar com tranquilidade, seriedade e sem politização quaisquer malfeitos cometidos, por ação ou omissão. Isso serve também para os governos estaduais”.

Por outro lado, o deputado Marx Beltrão (PSD), acredita que o governo precisa agilizar a imunização da sociedade por completo e defende a vacinação em massa, o mais rápido possível.

“Somente com vacina para todos poderemos superar esta terrível pandemia”.

Recentemente a Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), também enquadrou Bolsonaro por conta da necessidade de mais ajuda aos municípios. O presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), Hugo Wanderley (MDB), já disse em entrevistas que o governo federal precisa estar mais junto dos municípios no combate à pandemia.

À Tribuna, Hugo voltou a afirmar que sente falta de uma coordenação nacional, de uma maior participação técnica e científica do Ministério da Saúde, em conjunto com os estados e municípios.

“Pelo contrário, nós vimos um enfrentamento, um embate entre do Governo Federal com municípios e estados. E agora, a gente se depara mais uma vez quando achamos que vai haver uma mudança de metodologia com a criação do comitê de enfrentamento ao Covid, pelo Governo Federal, mas sem a participação dos municípios. E os municípios são a ponta. Nossa avaliação desse contexto tudo é que é necessário, o quanto antes que o Governo haja em sintonia, em harmonia, com os estados e os municípios, para que a gente possa enfrentar e vencer essa grande guerra”.

Parlamentares defendem retomar auxílio no valor de R$ 600

Na última quarta-feira (24), governadores de 16 estados assinaram uma carta defendendo que o Congresso Nacional aprove um auxílio emergencial no valor de R$ 600 e pedindo que o governo federal considere os mesmos critérios de 2020 para o cadastro no programa —com a alteração nas regras, 22,6 milhões de brasileiros ficarão sem auxílio em 2021. Até o momento, o que está acordado é que o auxílio emergencial será pago neste ano a partir de abril, em quatro parcelas, com valores de R$ 150, R$ 250 ou R$ 375, dependendo da família.

A coordenadora da bancada federal de Alagoas, deputada Tereza Nelma (PSDB), usou seu Twitter para dizer que apresentou duas emendas à Medida Provisória 1039 do auxílio emergencial, uma para aumentar o valor do auxílio de R$ 250 para R$ 600. E a segunda para que a mulher chefe de família receba duas cotas do benefício.

“Temos que pensar nos que mais precisam nesse momento. Lutei contra a redução do auxílio, por que sei o quanto a população mais vulnerável depende desse valor nessa pandemia e que não sofra ainda mais efeitos com o isolamento social”.

À Tribuna, o deputado Marx Beltrão (PSD) disse que defende a manutenção dos R$ 600, mas que é necessário resguardar a saúde das contas públicas.

“Ou seja, defendo os R$ 600, mas pontuo que o equilíbrio fiscal precisa ser preservado”.

Paulão (PT) afirmou que concorda com a posição dos governadores e pontuou que a proposta apresentada pelo Governo Federal é uma vergonha.

“Não responde a um processo mínimo de sobrevivência, a gente está em plena pandemia, com agravamento de 14 milhões de desempregos no Brasil e a tendência é aumentar. E só para você ter ideia, o investimento do auxílio emergencial ano passado foi em torno de 90 bilhões, esse ano será R$ 45 bilhões”.

O deputado Pedro Vilela (PSDB) ressaltou que é favorável à manutenção dos R$ 600 e advoga a tese de que o auxílio deve observar as diferenças de IDH do país, para que o valor seja o mais adequado ao beneficiário.

O senador Renan Calheiros (MDB) usou suas redes sociais para dizer que há duas urgências no país nesse momento, a primeira é acelerar a vacinação e a segunda aumentar o auxílio emergencial para R$ 600.

Fonte: Tribuna Independente / Texto: Carlos Victor Costa
(Foto: Divulgação)