A falta de doses da CoronaVac deve afetar 17.720 maceioenses que vão ficar sem tomar a segunda dose do imunizante nos próximos dias caso a vacina não chegue. O problema ocorre porque os Estados e municípios, mesmo críticos do governo federal, seguiram recomendação da União para usar todas as doses como primeira e agora o retardo de insumo vindo da China para o Butantan fabricar o imunizante traz incertezas para quem precisa da segunda dose.

Nessa segunda-feira (26) o ministro da Saúde Marcelo Queiroga admitiu que há “dificuldade” no fornecimento da CoronaVac aos estados para aplicação da segunda dose. Queiroga deu a declaração ao participar de uma sessão da comissão do Senado que discute medidas de combate à doença.

Desde o último domingo (25) que a aplicação da segunda dose da vacina CoronaVac em Maceió está comprometida. De acordo com a Prefeitura de Maceió, o Estado só repassou 8.790 doses para a capital, que precisa de 26.510. Quem procurou os postos de vacinação já no domingo para tomar a segunda dose da CoronaVac deu viagem perdida.

Ainda no domingo (25), A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) e o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Alagoas (Cosems/AL) informaram que decidiram, conjuntamente, estender o prazo para aplicação da segunda dose da Coronavac, passando de 21 para 28 dias – o que, segundo ele, é permitido pelo fabricante do imunizante e está previsto na bula da vacina.

Os órgãos afirmam que a medida se dá em razão da redução na quantidade de vacinas contra a Covid-19 enviada pelo Ministério da Saúde (MS) para Alagoas. A diminuição nas remessas enviadas pelo Ministério afetam todo o país, visto que a capacidade de produção do Instituto Butantan foi reduzida por falta de insumos.

Segundo os órgãos, na bula da vacina Coronavac consta a informação de que a aplicação da segunda dose do imunizante deve ser realizada entre 14 e 28 dias. Em Alagoas, havia sido estipulado, inicialmente, que o prazo seria de 21 dias entre a primeira e a segunda dose.

Ainda conforme a bula do imunizante, há informações científicas sobre o intervalo de 28 dias garantir uma melhor resposta imunológica no organismo contra o novo coronavírus.

“Quando administramos uma vacina é esperado que haja uma resposta imunológica no corpo com a produção de anticorpos para o combate ao vírus. Nos testes clínicos realizados ficou comprovado que, após receber a segunda dose da Coronavac com um intervalo de 28 dias, as pessoas têm uma taxa de 97% soro conversão, com a formação de anticorpos”, informam a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) e o Cosems.

Sesau e Cosems orientam, ainda, a população a prestar atenção na data que consta no cartão de vacinação e acrescentar sete dias para tomar a segunda dose da Coronavac.

“Caso no cartão de vacinação a segunda dose esteja marcada para a próxima segunda-feira, dia 26 de abril, agora esta pessoa deve procurar os pontos de vacinação no dia 03 de maio”, explicam.

PROBLEMA ATINGE OUTROS ESTADOS

O problema também afeta municípios de outros estados brasileiros como Pernambuco, Rio Grande do Norte, São Paulo, Amapá e Paraíba que limitaram ou suspenderam a imunização por falta de doses para a segunda aplicação.

Na Paraíba, a Justiça chegou a determinar a aplicação da segunda dose após ação do Ministério Público. “O que tem nos causado certa preocupação é a CoronaVac, a segunda dose. Tem sido um pedido de governadores, de prefeitos, porque, se os senhores lembram, cerca de um mês atrás se liberou as segundas doses para que se aplicassem. E agora, em face de retardo de insumo vindo da China para o Butantan, há uma dificuldade com essa 2ª dose”, declarou Queiroga no Senado.

Há cerca de um mês, em 21 de março, o Ministério da Saúde mudou a orientação e autorizou que todas as vacinas armazenadas pelos estados e municípios para garantir a segunda dose fossem utilizadas imediatamente como primeira dose. Ao participar da sessão da comissão do Senado nesta segunda, Queiroga disse que o governo emitirá uma “nota técnica acerca desse tema”.

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FOTO: Ailton Cruz