Os Conselhos Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) informaram, por meio de nota divulgada nesta sexta-feira (2), que vão investigar todos os casos de doses fora do prazo de validade. Já os Municípios, assim como o Estado, negaram que aplicaram doses vencidas.

A ação acontece devido à reportagem da Folha de S. Paulo, que divulgou, nesta sexta (2), que mais de 300 doses vencidas da AstraZeneca foram aplicadas no estado, o que pode comprometer a eficácia e proteção contra a Covid-19. Pelo menos 40 municípios teriam feito uso do imunizante vencido.

A nota dos conselhos diz que um possível erro do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações não foi descartado, já que, desde o início da Campanha de Vacinação, apresenta instabilidade. “O número de casos identificados corresponde a 0,0026% de todas as doses aplicadas no país, sendo necessária ponderação e investigação quanto à aplicação das doses e preenchimento das informações”, diz trecho.

O comunicado ainda ressalta que a ação visa dar rápida resposta à sociedade e que todos os profissionais responsáveis pela aplicação das vacinas realizam a checagem do prazo de validade.

Municípios negam

A Prefeitura de Batalha foi a primeira a se pronunciar sobre as vacinas vencidas. “O caso relatado na imprensa não condiz com a realidade, levando em conta as informações confrontadas na base de dados municipal (relatórios do e-sus notifica)”, diz trecho de nota publicada nas redes sociais.

O prefeito de Maceió, JHC, também utilizou as redes sociais para afirmar a capital não fez uso de doses fora do prazo de validade. Segundo ele, os casos registrados pela Folha de S. Paulo são erros, que já estou sendo corrigidos no sistema do Ministério da Saúde (MS).

Completando a informações do gestor, a Secretaria Municipal de Saúde de Maceió divulgou que todas as vacinas dos lotes 4120Z005, 4120Z001 e CTMAV505 foram aplicadas dentro do prazo. “O lote 4120Z005 venceria em 14 de abril e o último dia de aplicação dele aconteceu em 26 de março. O lote 4120Z001 perderia a validade em 29 de março e a última aplicação ocorreu em 9 do mesmo mês. Já o lote CTMAV505 era válido até 14 de maio e o último dia de aplicação foi 13 de maio.”

Já a Prefeitura de Matriz de Camaragibe, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, informou que nenhum cidadão do município foi imunizado com vacina vencida e que deve seguir o calendário estimulado por idade.

A Prefeitura de Marechal Deodoro também negou que aplicou doses vencidas da AstraZeneca. “Assim que cientes da situação, a Saúde buscou informações e detectou um erro na plataforma do E-SUS. No Sistema de Informação do Plano Nacional de Imunização (SIPNI) consta a data correta de administração do imunobiológico, antes da data de vencimento. Marechal Deodoro recebeu o lote no dia 01/03/2021 e utilizou todo o estoque até o dia 09/03/2021. Portanto, atendeu ao aprazamento legal”, informa nota.

O que diz a Fiocruz

Em publicação nas redes sociais, a Fiocruz esclareceu que os referidos lotes não foram produzidos pela instituição, pois parte do lote, com numeração inicial 4120Z, é referente às remessas importadas do Instituto Serum, da Índia, chamada de Covishield, e entregues pela Fiocruz ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde (MS). Os demais lotes apontados foram fornecidos pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas/OMS).

“Todas as doses das vacinas importadas da Índia (Covishield) foram entregues pela Fiocruz em janeiro e fevereiro dentro do prazo de validade e em concordância com o MS, de modo a viabilizar a antecipação da implementação do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, diante da situação de pandemia. A Fiocruz está apoiando o PNI na busca de informações junto ao fabricante, na Índia, para subsidiar as orientações a serem dadas pelo Programa àqueles que tiverem tomado a vacina vencida”, explicou a instituição.

Rayssa Cavalcante/GAZETAWEB
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