alta de preços dos combustíveis no Brasil e a falta de reajuste de tarifas estão levando os motoristas por aplicativo a desistirem da profissão. Segundo os representantes da classe, não há aumento da remuneração desde 2015.

À época, o litro da gasolina custava em média R$ 3,00 de acordo com dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Atualmente, o combustível pode ser encontrado por valores acima de R$ 7 no Brasil. Apenas em 2021, a alta acumulada já chega a 51%.

O economista Renan Laurentino explica que a alta nos preços dos combustíveis, principalmente a gasolina, que por ser derivado do petróleo, sofre as oscilações do mercado internacional, ou seja, moeda estrangeira.

“Junta-se a isso a também alta carga tributária que essas commodities [produtos elaborados em larga escala e que funcionam como matéria-prima] sofre em nosso país, chegando a representar 44% do preço do litro da gasolina. De certo modo, inviabiliza uma gama de atividades e neste momento os motoristas de aplicativo estão sofrendo as consequências desta alta no valor do principal custo da atividade”, explica.

Renan Laurentino conta que em algumas capitais, incluindo Maceió, motoristas de aplicativo estão deixando a atividade em definitivo ou temporariamente, principalmente os que alugam veículos para exercer tal função.

“O trabalhador precisa pagar a locação semanal e a relação da distância em buscar o cliente e levá-lo ao seu destino está fazendo a diferença em quilômetros e percentual em reais. De certo modo uma inovação, que são os aplicativos de mobilidades [Uber, 99, Majú], acabam se chocando com o insumo fóssil. É uma contradição! Usuários já estão reclamando do tempo de espera do aplicativo em localizar um motorista próximo ao ponto de partida”, disse o economista.

Ele explica ainda que o Governo Federal faz uma provocação direcionada aos governadores estaduais, afirmando que deveriam reduzir as alíquotas de impostos estaduais em especial o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviço). “Contudo, não é tão fácil assim. Qual o imposto vai substituir a possível redução do ICMS dos combustíveis [gasolina por exemplo]? Ainda deve-se levar em consideração a aprovação do legislativo estadual e depois, possivelmente vai elevar a alíquota de outros impostos que de fato, recai sobre o contribuinte”, questiona.
Associação cobra medidas do poder público

O presidente da Associação dos Motoristas por Aplicativos do Estado de Alagoas (AMPAEAL), Alex Felix, conta que pelo menos 25% dos motoristas por aplicativos desistiram de trabalhar em Alagoas por conta da alta dos combustíveis.

“Em Maceió estava atuavam em torno de 10 mil motoristas por aplicativos. O valor da gasolina, o aluguel alto dos carros, a manutenção dos veículos e as despesas pessoais, além dos impostos, estão levando muitos motoristas a pararem de trabalhar”, conta.

Alex Felix reforça que não há reajuste das tarifas desde que os aplicativos chegaram em Alagoas. “São cinco anos sem reajuste e isso é culpa do poder público. A Lei Federal de Mobilidade Urbana passou para os municípios o papel de fiscalizar e regulamenta o nosso serviço. Aqui em Maceió tem uma lei desde de 2019 que regulamenta o serviço e através dela a Prefeitura poderia corrigir os valores das tarifas, fazendo com que houvesse o equilíbrio pra os motoristas dos custos e lucros”, afirma.

O presidente da AMPAEAL afirma ainda que o governo estadual não tem política pública para a categoria. “O Estado poderia baixar o imposto sobre o GNV, gasolina e etanol, retirar o IPVA [Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores] dos carros dos motoristas e ICMS na compra de carro novo. Todas essas medidas reduziram bastante nossos custos”, opina.

Fonte: Tribuna Independente / Thayanne Magalhães

(Foto: Edilson Omena)