Em meio a casos de denúncias de violência policial em Alagoas, o Ministério Público do Estado de Alagoas (MP/AL) apontou que existem atualmente, na Corregedoria da Polícia Militar (PM), mais de 500 procedimentos abertos para investigar desvios de condutas de policiais da corporação. As informações foram repassadas à TV Gazeta.

Ainda segundo o MP/AL, mais 500 procedimentos estão sendo aguardados para abertura oficial das apurações. “Se o Estado de Alagoas adotasse, junto aos policiais militares, a câmera corporal, muitas dessas situações seriam dirimidas, porque ela capta áudio e vídeo e seria de fundamental importância, tanto para o policial demonstrar como foi sua conduta diante da abordagem, como para o cidadão poder dizer se ela teria sido abusiva ou não”, disse o promotor Magno Alexandre.

Um dos casos abertos recentemente é o do gari Walquides Santos da Silva, 26, que não só a Corregedoria da PM está apurando, como já há um inquérito policial instaurado por uma comissão de delegados. Segundo informações da família, Walquides teria ido para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e, ao retornar de noite para casa, se deparou com uma abordagem truculenta da polícia. Ao ouvir disparos, teria tentado fugir. Já a versão da polícia é de que Walquides estaria traficando drogas. Ele foi preso em flagrante por tráfico de entorpecentes e levado para o Hospital Geral do Estado (HGE) para tratar os ferimentos provocados pelos disparos.

Enquanto esteve internado, Walquides cumpriu medidas restritivas, das quais, a família só podia visitá-lo sobre autorização judicial. No entanto, a Justiça determinou a soltura e eles responderá o processo em liberdade.

Outro caso recente, que agora está sendo acompanhado pelo Ministério Público, é o de Anderson Thiago, de Fernão Velho. Ele conta que voltava da casa na namorada quando foi abordado pelos militares. “Eles me abordaram e encostaram a viatura na minha moto para eu cair em cima das pedras da linha do trem. Sem perguntar nada, já foram me agredindo, foram dando no meu rosto, quebraram meu telefone e arrancaram todos os chips do meu cartão”, expõe o entregador.

Ele diz, ainda, que os policiais não o questionaram sobre nada e pediram para ver os documentos. Durante a abordagem, segundo a denúncia, os policiais teriam quebrado a moto do entregador.

“É uma moto que uso para fazer entrega e rasgaram os dois pneus, quebraram os faróis e depois da abordagem pediram para eu gravar um vídeo dizendo que eu fui correr da polícia, caí da moto e que a abordagem foi normal”, conta.

A família registrou um Boletim de Ocorrência (BO) e disse que irá fazer exame de corpo delito.

Mariane Rodrigues com TV Gazeta
FOTO: Gazeta de Alagoas