Os palanques dos principais candidatos à Presidência da República, Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) já estão praticamente definidos em Alagoas. Os principais nomes de cada lado são os Calheiros, com Lula, e Arthur Lira (PP) e Fernando Collor (PROS), com Bolsonaro. O cientista político Ranulfo Paranhos avalia à Tribuna Independente as razões para estas lideranças adotarem tal posição política.

“Do ponto de vista pessoal, o senador Renan Calheiros tem aproximação com o Lula muito mais do que com o PT e isso que foi transferido ao Renan Filho. Então, é meio como se que se esse roteiro já tivesse sido programado. Essa aproximação dos Calheiros com Lula, é óbvio, é facilitada porque Lula lidera as intenções de voto. Então, você se aproximar se você já tem afinidade e de um candidato que está na frente das intenções de voto, você está agregando o útil ao agradável”, comenta.

Contudo, o cientista político ponderam em relação ao resultado das conversas sobre as federações, em que o MDB chegou a discutir a possibilidade de participar de alguma. Ranulfo Paranhos também ressalta ser natural que o deputado estadual Paulo Dantas (MDB), nome para ser o governador-tampão em caso de renúncia de Renan Filho para concorrer ao Senador, também declarar voto em Lula.

“Obviamente, que o Renan Filho não repassaria o governo para um que pode escolher quem ele quiser pra presidente”, diz.

O senador Renan Calheiros tem defendido já tem algum tempo que o MDB, caso não consiga apresentar uma pré-candidatura competitiva para presidente da República, apoie já no primeiro turno o ex-presidente Lula.

A senadora Simone Tebet tem se colocado com nome do MDB para a disputa, mas ela não tem conseguido despontar nas pesquisas. Nesta sexta-feira (11), o levantamento do Ipespe aponta que a parlamentar possui 1% das intenções de voto. Os demais institutos também tem apontado esse percentual à emedebista.

PRAGMATISMO

Já em relação ao apoio de Arthur Lira e Fernando Collor à candidatura de Jair Bolsonaro, o cientista político aponta para o pragmatismo.

O Arthur Lira apoia Bolsonaro por questões partidárias, mas também por questões muito pragmáticas. O Arthur é o homem que conduz os interesses do Planalto na Câmara dos Deputados, é o cara que conduz o centrão”, ressalta. “Mas há muitas avaliações internas apontando que o Arthur Lira é tão pragmático a ponto de abandonar o Bolsonaro durante a campanha. Ele já fez acenos nesse sentido, inclusive. Não de negar o presidente, nem de repudiá-lo, mas se afastar um pouco do presidente. A partir do momento que você tem um candidato que tira mais voto do que contribui, este candidato passa a ser uma figura tóxica”, pondera Ranulfo Paranhos.

O deputado federal Arthur Lira já declarou em entrevistas que apoiará Bolsonaro por “coerência”.

“Se eu tenho o presidente do meu partido ministro da Casa Civil e se meu partido é da base do governo, o deputado Arthur Lira, no estado, por coerência, deverá fazer campanha para o presidente Bolsonaro”, afirmou o parlamentar em entrevista no final de fevereiro.

Já em relação ao senador Fernando Collor, o cientista político destaca que o parlamentar ficou sem alternativas.

“Bolsonaro é único nome que Collor poderia se aproximar. E isso a gente pode chamar de abraço dos afogados, né? Porque quem mais faz aliança com o Collor? O Collor é dos políticos, dos perfis dos políticos brasileiros, o personalista. É uma árvore que não gera sombra para ninguém, não é orgânico a partidos. O Collor não tem alianças duradouras e, nesse sentido, ele não oferece muita confiança. E é óbvio que o Bolsonaro se parece muito com o Collor essas características. Os discursos dos dois também não são muito diferentes”, analisa Ranulfo Paranhos.

Por Tribuna Independente
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