Alagoas registrou na ultima sexta-feira (8) cinco mortes e 973 casos de Covid-19, segundo o boletim epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). Os números levaram a presidente da Sociedade Alagoana de Infectologia, Vânia Pires, a alertar para uma possível “explosão” da pandemia no estado.

As causas seriam o relaxamento no uso de máscaras, as propriedades mais contagiantes das novas variantes do vírus e, neste momento, grande peso para as grandes concentrações de pessoas nos shows e eventos nos festejos juninos.

As vítimas fatais da Covid foram quatro homens e uma mulher de 68, 72, 49, 84 e 73 anos, respectivivamente. Nos últimos cinco dias, os serviços de saúde de Alagoas contabilizam 20 mortes e 3.240 casos da doença.

Histórico

A mulher de 73 anos residia em Satuba, era acometida por doença cardíaca crônica e morreu em seu domicílio. O homem de 74 anos morava em Inhapi, tinha doença respiratória crônica e morreu no Hospital Regional do Alto Sertão (HRAS), em Delmiro Gouveia.

A segunda vítima do sexo masculino tinha 49 anos, residia em Maceió, era acometido por epilepsia e morreu no Hospital Metropolitano de Alagoas (HMA), em Maceió.

O homem de 72 anos, residia em Maceió, era acometido por Síndrome de Fournier e morreu no HMA, em Maceió.

A quarta vítima do sexo masculino morava em Maceió, era hipertenso, diabético, cardiopatia, e tinha doença renal crônica. Ele morreu no Hospital Arthur Ramos, em Maceió.

Para Vânia Pires, “é muito possível que haja uma ‘explosão’ de casos de Coronavírus, agora, após os festejos juninos e as chuvas, em Alagoas.

“As festas juninas, assim como as grandes passeatas, resultam na aglomeração de pessoas e, se uma pessoa está contaminada e sem usar máscara, isso leva a disseminação do vírus entre as outras pessoas que estão coabitando o mesmo ambiente. E nós temos um problema a mais que são os abrigos, utilizados pelas pessoas que tiveram que sair das suas casas por causa das chuvas, onde também acaba ocorrendo aglomeração. Então, certamente, teremos uma explosão de casos”, afirmou.

A presidente da Sociedade Alagoana de Infectologia disse que “tanto os casos de arboviroses, que são as doenças causadas pelo Aedes aegypti, como é o caso da dengue, zika e chikungunya, quanto os de leptospirose que, geralmente, demora 15 dias após as enchentes para aparecer e é confundível no início com gripe e coronavírus, também devem aumentar”.

De acordo com a infectologista, ainda vem um problema mais sério, que está aguardando acontecer a qualquer momento, que é o monkeypox. “Aquela varíola do macaco que, apesar do nome, a doença viral não tem origem nos macacos, apenas foi identificada pela primeira vez nesses animais. Ela acontece em humanos e o reservatório dela são os roedores”, afirmou.

CICLO VACINAL

Vânia Pires ressaltou que, na maioria dos casos, os pacientes de Covid-19 que estão nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) são as pessoas que não se vacinaram ou não completaram o ciclo da vacina, além daquelas consideradas mais debilitadas.

“É muito importante que as pessoas completem o calendário vacinal porque, caso adoeçam, se contaminem, certamente vão apresentar um quadro mais brando e, principalmente, se for um paciente do grupo de risco, como idosos e pessoas com comorbidades”, alertou.

Segundo a infectologista, no primeiro semestre deste ano, houve uma redução dos casos de óbitos, internações e UTIs em cerca de 83%, se comparado ao mesmo período do ano anterior, devido ao sucesso das campanhas de vacina contra Covid-19.

“Seria necessário que houvesse, vamos dizer assim, uma redução drástica da circulação desse vírus e isso se deveria, certamente, por pessoas em grande maioria vacinadas. Uma vez que a circulação do vírus persiste e as pessoas continuam apresentando comportamentos inadequados, com aglomerações, festas gigantescas e, principalmente, as pessoas sem máscara e muitas delas apresentando quadro respiratório e continuando sem usar máscara, isso provoca ainda mais a disseminação do vírus”, apontou Vânia Pires.

AL amplia leitos exclusivos para Covid-19 em Coruripe, Maceió e Palmeira dos Índios

A partir de segunda-feira (11), a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) ampliará 79 leitos exclusivos para Covid-19. Segundo a Sesau, a ampliação ocorre devido ao aumento de casos em todo o estado.

O Hospital da Mulher (HM), no bairro do Poço, em Maceió, terá a ampliação de 30 leitos Clínicos, 20 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e quatro de UTI Pediátrica, além de enfermarias clínicas.

Já no Hospital Regional Santa Rita, no município de Palmeiras dos Índios, serão abertos 10 novos leitos de UTI e, no Hospital Carvalho Beltrão, em Coruripe, a ampliação será de 15 leitos de UTI.
Atualmente, o Estado conta com 321 leitos exclusivos para Covid-19. Destes, 160 estão ocupados com pacientes em tratamento contra o vírus, o que corresponde a uma taxa de ocupação de 50%.

Por Luciana Beder – Colaboradora com Tribuna Independente
Foto: Ascom Sesau/AL