A 21ª Feira da Reforma Agrária, realizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), acontece até este sábado (10), na Praça da Faculdade, no bairro do Prado, em Maceió. A Feira foi suspensa durante dois anos, em virtude da pandemia, e agora espera fortalecer ainda mais a luta pela terra. Segundo Adalberto Souza, um dos organizadores, cerca de 160 camponeses comercializam seus produtos vindos de todas as regiões de Alagoas.

“Temos assentamentos do Litoral Norte ao Alto Sertão, passando pelo Agreste, Baixo São Francisco, todas as regiões do estado. Uma média de 160 feirantes. E estamos recebendo consumidores de todas as classes e locais de Maceió, do Tabuleiro, Eustáquio Gomes, Cruzeiro do Sul, como também aqui do Prado e outros bairros da parte baixa. Pessoal estava com saudade, depois de dois anos sem ter a Feira”, disse Souza.

De acordo com Souza, eles buscam comercializar os produtos sob preço justo. “Por mais que a feira seja simbólica, os feirantes têm um custo de deslocamento, produção, mas a gente tenta padronizar o preço entre todos os feirantes, baseado na média do estado, porque tem região que o valor do produto é um, região que é o outro, e a gente tenta fazer essa média para não fugir muito da realidade do que é uma feira”, afirmou.

A feirante Antônia Vieira participa desde a primeira edição e acredita que conseguirá vender tudo até sábado. “Mais de 20 anos participando desta Feira. Vendo goiaba, quiabo, macaxeira, pimentão, cenoura, limão, pepino, abóbora e todo tipo de feijão. Eu mesma produzo no meu assentamento. É tudo natural, tudo da roça, tudo que a gente planta e colhe para trazer para feira. Movimento está mais ou menos, mas, até sábado, vamos vender tudo porque nunca viemos para voltar com mercadoria, só saímos com saco batendo”, disse.

A camponesa Tereza da Silva também está animada com o movimento. “Graças a Deus, nós estamos conseguindo vender tudo. Tenho galinha de R$ 50 e R$ 60; fava de R$ 25; a dúzia de ovos por R$ 15; abóbora por R$ 5 e daqui para sábado vamos vender tudo”, afirmou.

Um dos clientes da Tereza da Silva foi o aposentado Dorgival Barbosa, que levou quatro galinhas de uma vez. “Está um preço bom, no mercado a gente encontra de R$ 60, R$ 70 e aqui consegui por R$ 50. Uma economia boa. Comprei banana também por R$ 10 o cacho. E o bom é que é tudo natural. Todo dia, estou vindo comprar quatro ou cinco produtos diferentes”, contou.

O feirante Cicero dos Santos comercializa há mais de 20 anos na Feira e considerou o movimento um pouco menor do que antes da pandemia. “Tenho rapadura, cocada, doce de leite, bolo, feijão de corda, abóbora. Tudo natural, sem veneno. Mel está de R$ 35 o litro e nos outros lugares custa entre R$ 50 e R$ 60. Hoje, o comércio está fraco. Antes da pandemia, estava melhor, mas é assim mesmo, vai melhorar”, disse.

Evento também oferece atrações culturais e atividades de saúde

Além dos alimentos in natura, os feirantes comercializam também artesanato, mudas e alguns produtos agroindustrializados.

A Feira também é marcada pela diversidade de atividades que ocorrem gratuitamente. O MST realiza durante a Feira o Festival de Cultura Popular, com mais de 20 atrações, reunindo atividades musicais, teatro, dança, contação de história, cortejo de blocos e performances.

Por meio da Tenda da Educação Popular em Saúde, o MST também leva para a agenda da feira um conjunto de práticas integrativas em saúde, bem como rodas de debate, palestras, orientações e cuidados com a saúde.

“Todo ano na Feira, temos a Tenda de Saúde, que é a tenda de cuidados para todas as pessoas que queiram atendimento gratuito, que vai do Reiki a massagem, auriculoterapia e quiropraxia. Então, têm vários tratamentos sendo ofertados. Todas as noites, temos atrações culturais, com bandas locais, com ritmos variados, para todo mundo prestigiar”, afirmou Adalberto Souza.

A 21ª edição da Feira da Reforma Agrária teve início na quarta-feira (7) e segue até este sábado. A comercialização dos produtos do campo começa às 7h e vai até as 18h. Já as atrações culturais acontecem sempre à noite, a partir das 19h.

Por Luciana Beder com Tribuna Independente
Foto: Edilson Omena