Com o aumento no preço dos itens como pão, leite, café, ovo, queijo e margarina, o café da manhã tem ficado cada vez mais caro – seja na rua ou em casa – para o alagoano. De acordo com o economista Diego Farias, o aumento médio no preço dos itens que fazem parte do café da manhã foi de 40,5%, nos últimos doze meses.

“Nesse último mês, tivemos um aumento do dólar e, como esses itens estão atrelados à moeda americana, tivemos aumento bem acima da inflação média. O leite está sendo o grande vilão com quase 70% de aumento. Café está logo atrás, com mais de 60% de aumento nos últimos 12 meses. O pão subiu 19% e os ovos 13%”, explicou Farias.

De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado nessa terça-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), após dois meses de deflação, a prévia da inflação brasileira cresceu 0,16% em outubro. No ano, a prévia da inflação acumula alta de 4,80%. Nos últimos 12 meses, o acréscimo foi de 6,85%.

Consumidores sentem no bolso e fazem adaptações

A saída para o casal Roberto Silva e Valéria Alves e muitos outros consumidores tem sido substituir marcas, reduzir quantidade e evitar o café da manhã na rua.

“Hoje em dia, você compra quatro pães por quase R$ 10. Antigamente, dez pães custavam um real. Em alguns bairros, como no Jacintinho, você ainda encontra dois pães por um real. Preferimos comprar cuscuz, que é bem mais barato e dá para consumir mais de uma vez. Quando temos um dinheiro a mais é que tomamos café da manhã fora, compramos pão em uma padaria de maior qualidade, onde o quilo é mais caro”, afirmou Roberto Silva.

A Valéria Alves não abre mão da marca do café, mas para continuar consumindo a marca que gosta, reduziu a quantidade. “Nosso café da manhã costuma ser café com leite, bolacha, ovo, cuscuz e pão. Realmente, está tudo caro. Ovo, que comprávamos 30 por R$ 10, hoje é na casa dos R$ 20. Até o café, que comprávamos por menos de R$ 4 o pacote, hoje, encontramos por mais R$ 10. Como gostamos muito da marca que usamos, acabamos pagando mais caro, mas diminuímos o consumo”, disse.

FORA DE CASA

O despachante de processos Fábio Amâncio contou que costuma tomar café da manhã em casa, mas tem sentido o aumento do preço da refeição na rua. “Geralmente, almoço e janta são as refeições que faço na rua. Mas a sopa mesmo, lembro que era R$ 8, R$ 10. Hoje em dia, está custando R$ 12”, contou.

Padaria tenta segurar preços para manter clientes

Clodoaldo Nascimento é proprietário de uma padaria, no bairro da Serraria, e contou que tenta conservar os preços para manter a clientela. “Os produtos têm aumentado bastante, alterando nossa margem de lucro porque tentamos manter os preços até o limite para manter os clientes, porque sabemos que o trabalhador tem sentido. O salário não aumenta na medida em que aumentam os produtos”, afirmou.

Ainda de acordo com Nascimento, o pão deve encarecer ainda mais. “O pão vem tendo uma escalada de aumento porque o trigo tem tido uma escalada de aumento. Daqui para frente, o trigo deve aumentar, apesar da produção alta que o país teve, porque como ele é commodity, está sujeito a variação mundial. Apesar da grande safra que o Brasil vai produzir, o aumento será inevitável, segundo algumas pesquisas que tenho feito”, explicou.

Por Luciana Beder com Tribuna Independente

Foto: Edilson Omena