Há 26 anos, Alagoas acordou com a notícia de um suposto atentado direcionado a uma candidata do PT, que disputava com Kátia Born a Prefeitura de Maceió. “Casa de Heloísa Helena é metralhada”, bradejavam os jornais. O suposto atentado aconteceu 72 horas antes de os maceioenses irem às urnas escolher a sucessora de Ronaldo Lessa. Born tomou conhecimento do fato às 6h10 do dia 14 de novembro e logo foi alertada que toda a história “tinha cheiro forte de armação para tentar mudar o cenário da acirrada disputa”. As pesquisas eleitorais colocavam cada uma das candidatas com 43% de intenções de voto.

O rumoroso atentado não teve conclusão. Ninguém foi preso ou apontado como responsável. Quase três décadas depois, Kátia Born alerta que o cenário em Alagoas, sobretudo com uso de fake News, pode levar “candidatos que não crescem” nas pesquisas a produzir o que classifica como “farsa eleitoral”, tal qual o episódio de 1996. Sobre essa possibilidade, em pleno 2022, a ex-prefeita avalia que a população alagoana não cairá em um caso semelhante, que envolva candidatos e os seus aliados, a dias das eleições na disputa pelo governo do Estado.

“Estamos em um processo eleitoral transparente, seguro e que, no primeiro turno, ficou marcado pela tranquilidade e a segurança. Não acredito que haja espaço dentro da sociedade alagoana para um caso como o de 1996. Não é hora de se vitimizar, mas, sim, de apresentar propostas e mostrar o resultado do trabalho. Importante que as Forças de Segurança fiquem em alerta para os objetivos não republicanos das ‘forças do atraso’. Não há um fato novo sequer que coloque em xeque o processo eleitoral e a condução dos homens e mulheres que fazem as Forças de Segurança e a Justiça Eleitoral em nosso estado”, expôs ela.

Ex-prefeita Kátia Born alerta que ‘farsa eleitoral’ não será tolerada pelo povo alagoano – Foto: Assessoria

Com o aparelhamento das instituições federais e ações teratológicas em tribunais superiores, a eleição em Alagoas se tornou caso de polícia. Diante do caos formado, o freio de arrumação partiu do Supremo Tribunal Federal (STF) ao devolver o mandato para Paulo Dantas (MDB) e apontar que, apesar do afastamento, não há nada na investigação que coloque em xeque a condução do emedebista à frente da gestão estadual.

“O cenário de hoje e dos próximos dias projetam que Paulo deve ser eleito governador. As pesquisas mostram isso. As ruas atestam esse sentimento. Que os adversários busquem os votos por meio do diálogo, da conversa, e não ao construir falsas narrativas ou fake News, como fui vítima em 1996. Enfrentei e superei o que eles criaram falsamente. O momento é outro e os alagoanos não vão aceitar isso”, sentenciou Born.

Ficou por isso mesmo

A Gazeta ouviu também os coordenadores da campanha de Kátia à época. Eles relataram que, apesar do farto conjunto de elementos que apontaram para o atentado ter sido ‘produzido’, o inquérito policial não apontou materialidade. Ou seja, ninguém foi preso ou responsabilizado pela trama.

Kátia não quis confirmar, mas esses coordenadores relataram à Gazeta que o falso atentado partiu por determinação de dois ex-deputados estaduais. A ideia, segundo eles, era mexer com acirrada disputa, evitando a eleição de Kátia e, em seguida, de Ronaldo Lessa, que se lançou candidato ao governo, no pleito de 1997.

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