As fortes chuvas que caem em Alagoas desde a última sexta-feira (4) vêm causando diversos estragos em bairros de Maceió e cidades do interior. De acordo com a Defesa Civil Estadual, 105 pessoas estão desabrigadas e/ou desalojadas em três cidades de Alagoas. A cidade mais afetada foi Rio Largo, região metropolitana de Maceió, com 75 desabrigados. Em seguida, Coruripe com 11 pessoas desabrigadas e 15 desalojadas, e Matriz de Camaragibe, com 4 desalojados.

Na capital alagoana, ruas ficaram alagadas, houve registro de deslizamento de barreiras e queda de árvore. Segundo a Defesa Civil de Maceió, choveu 156mm entre domingo (6) e ontem (7). Volume que ultrapassa em mais de quatro vezes o que era esperado para todo o mês de novembro.

De acordo com o coordenador da Sala de Alerta da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), Vinicius Pinho, as chuvas devem perder intensidade a partir desta terça-feira (8). “Estamos em alerta desde a noite da quinta-feira (3). A partir desta terça-feira, o volume de chuvas deve diminuir substancialmente em todo o estado”, afirmou.

Ainda segundo Pinho, a chuva está sendo provocada por uma Zona de Convergência. “Temos uma Zona de Convergência que está atuando na região há quase uma semana. Em Alagoas, principalmente na Zona da Mata e no Litoral, já choveu em torno de 200mm nesses últimos dias. Isso representa quase o triplo da média histórica do mês”, explicou.

No bairro do Farol, na Rua Miguel Palmeira, passageiros de um ônibus precisaram ser resgatados por uma equipe do Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBM/AL), na noite do domingo, após ficarem ilhados devido às fortes chuvas que deixaram a rua alagada. O veículo ficou com as rodas submersas, sem possibilidade de locomoção, e os usuários ficaram assustados.

De acordo com os militares do CBM, dentro do ônibus havia 25 pessoas. “Atuamos, inicialmente, com uma guarnição de salvamento que fez a retirada de cerca de 14 pessoas, onde até esse momento a água estava com cerca de 1 metro. No segundo momento, a situação foi robustecida com a guarnição de Resgate em Áreas Inundadas, que utilizou uma balsa de salvamento, tendo em vista o aumento pluviométrico durante a situação, que auxiliou os demais e retiramos todas as pessoas que estavam dentro do ônibus’’.

No bairro de Fernão Velho, a chuva voltou a inundar ruas e entrar nas residências. O morador Sandro Acioli disse que a situação é a mesma toda vez que chove. “As águas estão invadindo as residências e toda vez que chove é um drama. Acabou de acontecer essa situação, precisamos resolver isso, porque os moradores não aguentam mais, ficam aterrorizados e amedrontados”, desabafou ele à equipe de uma TV local.

Em Mangabeiras, próximo ao Restaurante Akuaba, a água tomou conta da rua. Na parte alta da capital, como no bairro Santos Dumont, também houve registro de alagamento. Estragos também foram vistos no bairro Farol (Avenida Fernandes Lima e Favela do Bolão), Vergel do Lago, Levada (Vila Brejal), Jatiúca, Clima Bom (Conjunto Osman Loureiro) e Santa Amélia.

Na Favela do Bolão, no bairro do Farol, o desabamento de uma barreira acabou atingindo uma casa, mas não deixou vítimas. No momento em que o deslizamento aconteceu, o dono da casa não estava no local. A Defesa Civil de Maceió foi acionada por moradores, para vistoria na localidade.

Ainda em Maceió, uma queda de árvore foi registrada na manhã desta segunda-feira (7), no bairro da Jatiúca, no canteiro da Avenida Dr. Antônio Gomes de Barros, antiga Amélia Rosa, parte baixa de Maceió. Apesar do susto, ninguém ficou ferido.

Em Rio Largo, bebê fica soterrada após deslizamento de barreira

Uma bebê de apenas um ano e dez meses ficou soterrada, após o deslizamento de uma barreira, na noite de domingo, na Rua João Davino, em Rio Largo, região metropolitana de Maceió. Vizinhos e familiares se mobilizaram e conseguiram resgatar a criança com vida dos escombros. Militares do Corpo de Bombeiros e integrantes da Defesa Civil Municipal foram mobilizados.

A bebê foi levada para o Hospital Geral do Estado (HGE). Segundo a tia da vítima, moravam dez pessoas de uma mesma família, em duas casas que foram atingidas, e a bebê segue internada no HGE. “Só ela que precisou ser internada, estava na área vermelha e foi para a área amarela. Graças a Deus, os outros familiares estão bem, tiveram apenas alguns arranhões. Por enquanto, está uma parte do pessoal na casa de uma tia, outra parte na casa de outra, fomos dividindo o pessoal. Nunca pensamos que aconteceria isso, só pensávamos em cair a barreira que fica atrás”, contou Fabiana Kelly dos Santos.

A pensionista Maria Sônia mora no final da Rua João Davino e disse que acordou assustada com o deslizamento. “De lá de casa deu para escutar, foi um estrondo muito forte, todo mundo se assustou. Estava chovendo muito e todo mundo correu para ajudar. A gente que tem filho fica em choque”, contou.

As obras para recuperação do calçamento da rua começaram ontem e, segundo a Prefeitura de Rio Largo, não há previsão para término. De acordo com o encarregado de obras, Marciano José da Silva, o deslizamento foi causado por um vazamento na tubulação. “Como a tubulação é muito antiga começou a vazar e foi cedendo o terreno. Com as fortes chuvas, a situação piorou, a barreira não aguentou e cedeu”, afirmou.

Em Paulo Jacinto, Agreste de Alagoas, ruas ficaram inundadas. Na Rua da Taquara, moradores ficaram ilhados. O nível da água começou a ficar baixo apenas na manhã de ontem. Os municípios de São José da Laje, Rio Largo e Capela também foram acometidos pelas chuvas com várias ruas com inundações.

Em Capela, toda estrutura do teto do Clube Sportivo Capelense (CSC) desabou devido ao forte temporal. Por pouco não aconteceu uma tragédia na cidade. Na noite do desabamento iria acontecer um show, que foi cancelado poucos dias antes.

São José da Laje: nível de rio sobe e famílias são retiradas de casas

De acordo com o coordenador da Defesa Civil Higor Fernando, choveu muito até 2h da madrugada de ontem e somente pela manhã o nível do rio começou a baixar.
“Algumas pessoas começaram a voltar para suas casas no início da manhã, mas nós não recomendamos, até porque segundo a previsão deve chover muito ainda nesta terça-feira”, disse Higor Fernando.

O sino da igreja tocou por volta da meia noite para avisar aos moradores que o nível do rio estava subindo. A prefeita da cidade, Ângela Vanessa, usou as redes sociais para informar que o rio atingiu a cota de atenção, porém, não havia o risco de transbordamento. “A Defesa Civil e a Sala de Alerta estarão monitorando toda a situação”, tranquilizou.

Ainda na madrugada de ontem, a gestora avisou que embora o rio tenha começado a baixar, seguirão com o monitoramento, garantindo a assistência necessária às famílias das áreas ribeirinhas, que foram levadas para abrigos provisórios da cidade, ainda na noite desta segunda-feira. A Usina Serra Grande, situada no município, ficou inundada após a elevação do nível do rio que nasce na cidade de Caetés, em Pernambuco, e deságua no Rio Mundaú.

LAGOA MUNDAÚ

A Defesa Civil Municipal emitiu, na tarde de ontem, um SMS de alerta para a possibilidade de transbordamento da Lagoa Mundaú, por consequência do volume de chuva que caiu no final de semana.

“Com uma quantidade alta de precipitação, como a que registramos nos dois últimos dias, o volume de água na calha principal do rio aumenta e ele busca espaço nas planícies de inundação, ou seja, a área das margens, provocando enchente nas residências mais próximas”, explicou o geógrafo da Defesa Civil, Thyago Lima.

BR-101

Um trecho do quilômetro 120,5 da BR-101 entre São Miguel dos Campos e Pilar foi interditado ontem após apresentar rachaduras devido às fortes chuvas que atingem o estado desde a noite da última sexta-feira.

De acordo com equipes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no local, o tráfego de veículos de carga foi suspenso, já que o asfalto começou a apresentar rachaduras, podendo ocasionar acidentes. De acordo com a PRF, o trecho com problemas é para quem segue de São Miguel dos Campos a Pilar.

Por Lucas França e Luciana Beder com Tribuna Independente

Foto: Nick Marone / TV Gazeta