O Brasil está entre os 10 países que mais consomem medicamentos no mundo. Mas o que acontece quando os remédios não utilizados ou vencidos precisam ser descartados? Comumente vão parar em lixos comuns, vasos sanitários ou pias, gerando riscos à saúde da população e ao meio ambiente.

Atualmente, cerca de 400 cidades (com mais de 500 mil habitantes), distribuídas nos 26 estados brasileiros e Distrito Federal, contam com pontos de recebimento que coletaram em 2022 em torno de 260 toneladas de medicamentos. São aproximadamente 5.000 pontos de recebimento, coordenados por um sistema de logística reversa que atua sob meta de ampliação alinhada com um cronograma junto à União e acompanhado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.

Visando ampliar a conscientização da população para a devida utilização do serviço presente e mobilizar políticas públicas que possam facilitar o processo de ampliação dos pontos de coleta, o Grupo Mulheres do Brasil, liderado por Luiza Helena Trajano e seu núcleo Ciência na Saúde, criou a Campanha nacional Remédio: Não usou, descartou.

“Entendemos que precisamos sensibilizar a população sobre os impactos para a saúde e o meio ambiente quando os remédios de uso domiciliar são jogados em locais inadequados ao invés de serem direcionados para as farmácias, drogarias e unidades de saúde disponíveis, para impulsionar um melhor uso do sistema de coleta”, explica a Dra. Soraya Smaili, farmacologista, professora da Unifesp e uma das coordenadoras da Campanha.

A iniciativa foi lançada oficialmente no dia 10 de agosto, em um evento híbrido na sede da Arena Magalu, em São Paulo, e contou com a presença de diversas personalidades, entre cientistas, médicos, empresários, artistas e representantes de instituições de saúde parceiras e conectadas com o tema.

Agora, a estratégia é mobilizar especialistas e artistas em um grande movimento nas mídias digitais, com vídeos e demais formatos de conteúdos educativos, contando também com a divulgação da imprensa.

“Começando pela força do Grupo Mulheres do Brasil, já podemos contar com mais de uma centena de núcleos espalhados no Brasil e no mundo para começar a reverberar as nossas comunicações. Somado a eles, muitas instituições sérias conectadas com a ciência estão nos apoiando para fazermos uma mobilização igual à que tivemos com o movimento do Unidos pela Vacina, na época da pandemia pela covid-19”, comenta Luiza Helena Trajano.

O que acontece ao jogar medicamentos no lixo comum, vaso sanitário ou pia?

Descartar remédio vencido, ou que sobrou de algum tratamento, na pia, no vaso sanitário ou no lixo comum pode afetar o solo, a água e a vida de animais e vegetais.

“A ciência já nos mostrou que o uso desnecessário de remédios e o descarte inadequado, acabam trazendo prejuízos para o meio ambiente e para a saúde humana, por isso a maior consciência sobre este assunto é necessária”, alerta Dra. Soraya.

Onde descartar os medicamentos domiciliares de uso humano de forma adequada?

Em pontos de recebimento, farmácias ou drogarias da sua região.

Atualmente, são mais de 5.000 pontos de descarte de medicamentos domiciliares espalhados pelo Brasil.

O que é e quem apoia Campanha Remédio: não usou, descartou?

A Campanha é liderada pelo Grupo Mulheres do Brasil e Ciência na Saúde, em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Projeto ARIES (The Antimicrobial Resistance Institute of São Paulo), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), LogMed, sistema de gestão de logística reversa que congrega a representação de 17 instituições farmacêuticas conectadas ao tema, e Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).

A iniciativa também conta com embaixadoras bastante conhecidas pelos brasileiros, sendo as primeiras a comporem as comunicações de lançamento: Dras. Luana Araujo, Jaqueline Goes e Margareth Dalcolmo, cientistas e pesquisadoras que se tornaram referência em informação durante a pandemia de covid-19, além de Beth Goulart, atriz, escritora e diretora que participou da campanha do Ministério da Saúde sobre a importância da vacinação.

Durante o esforço de conscientização, que acontecerá em fases, as redes sociais serão amplamente usadas para disseminar informações e dicas sobre o descarte correto. Também serão promovidos dois cursos de capacitação pela UNIFESP: um para a população leiga e outro para profissionais da saúde que desejam se especializar no processo de descarte correto de medicamentos. Ambas as modalidades serão gratuitas e oferecerão certificados, disponibilizados na plataforma de educação à distância da universidade.

NOTÍCIAS AO MINUTO \ Por Rafael Damas

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