O maior nome do tênis brasileiro na atualidade não é mais novidade no circuito internacional. Com 27 anos, Bia Haddad é a atual número 19 do ranking e soma resultados de impacto na temporada como a classificação para as semifinais de Roland Garros. Desta vez, em Nova York, no Aberto dos Estados Unidos, Bia quer fechar bem um ano que alternou grandes vitórias e algumas frustrações inesperadas, como a lesão que a tirou do torneio de Wimbledon neste ano.

Na estreia do último Grand Slam de 2023, Bia Haddad enfrentará a norte-americana Sloane Stephens, campeã do US Open em 2017. Este será o segundo confronto entre Haddad e Stephens. Em fevereiro de 2019, a brasileira superou a americana por 2 sets a 0 (6/3 e 6/3) em Acapulco, no México. O Aberto dos Estados Unidos começa nesta segunda-feira, e a melhor tenista do Brasil recebeu com exclusividade a reportagem do ge em Nova York para contar como se preparou para o torneio.

– Estou bem fisicamente. Ali (lesão em Wimbledon) foi uma contratura muscular muito forte nas costas e infelizmente aconteceu. A gente sempre toma cuidado e fazia tempo que eu não tinha dores e lesões. E essa não foi nem uma lesão, foi algo bem pontual ali, mas infelizmente em um momento que eu não gostaria. Mas já passou e agora estou 100% para o US Open. Claro que nos últimos dois torneios não consegui me desenrolar bem e chegar nas últimas rodadas, mas consegui fazer ótimos treinos. O mais importante é estar consciente do nível de tênis que está sendo jogado, até porque nesse nível todos os jogos são muito duros e são definidos nos detalhe. Eu me sinto bem, feliz e motivada pra essa semana – conta Bia Haddad, que também jogará duplas ao lado de Victoria Azarenka.

Bia está longe de ter superado o auge físico na carreira, mas já é uma atleta experiente. A brasileira se profissionalizou aos 16 anos de idade e passou pela roda gigante comum de atletas prodígios. Pressão por resultados, lesões, críticas exageradas, frustrações, além do maior desafio de um tenista profissional: a auto-cobrança. Bia Haddad precisou fazer ajustes em sua abordagem ao jogo e nesta temporada consegue desvencilhar com maior facilidade as expectativas externas e seu desempenho em quadra.

– A lição principal é não querer controlar o resultado. Já tive experiência no Australian Open, quando eu estava jogando meu mais alto nível de jogos e treinos e perdi na primeira rodada. E em Roland Garros, estava treinando em alto nível, mas fiquei alguns dais sem pegar numa raquete por conta de um incômodo, uma dor e tive aquela sensação que eu poderia estar melhor, e me entreguei, dei tudo e foi a melhor semana da minha carreira. Por isso o mais importante é sentir que está dando o nosso 100%, mas sem criar muitas expectativas sobre resultado. Essa é a mentalidade que eu estou levando e mudou um pouco a maneira como eu lido com um Grand Slam.

Desde a aposentadoria de Serena Williams, que se despediu das quadras justamente no US Open do ano passado, a polonesa Iga Swiatek (número 1 do mundo) tem dominado os holofotes do circuito feminino. No entanto, o cenário figurado por jovens talentos mostra que o reinado de Iga está sob disputa.

– Acho que (o tênis mundial) está em um momento de transição. Quando entro no vestiário e vejo os últimos nomes que ganharam. Raducanu, Andreescu, Stephens. São meninas que estão nessa faixa etária entre 20 e 30 anos, ainda jovens e todos tiveram por muito tempo esses ídolos, Serena, Federer, Nadal, que dominaram por muito tempo e hoje os vencedores variam mais, o tênis não está no comando só de “x” pessoas. A Iga (Swiatek) até poderia ser essa atleta no feminino, mas mesmo assim, quando ela entre em quadra, não há a certeza de que irá ganhar. É um circuito bem aberto, mas é bacana, porque a cada semana uma nova menina pode acreditar que aquela é a semana dela. Bom para o público também esse equilíbrio.

gazetaweb \ Por Camilo Pinheiro Machado — Nova York, EUA

foto: Camilo Pinheiro Machado