Da praia Pontal do Peba, povoado no extremo Sul de Alagoas, bem próximo da foz do Rio São Francisco, à praia de Peroba, na divisa com Pernambuco, outras 23 praias alagoanas já estão sofrendo com processo de erosão marinha, com diminuição da areia e da faixa recreativa, além de que, em muitos casos, o desaparecimento da área de restinga. Ou seja, traduzindo em números, a erosão marinha, que é o processo de desgaste de solos litorâneos, tem afetado cerca de 70% das praias do litoral de Alagoas. A constatação foi feita pelo engenheiro civil Marco Lyra, especialista em obras de defesa costeira e recuperação de praias, além de MBA em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, que percorre as praias.
O engenheiro, CEO da empresa alagoana Ocean Protections, esteve semana passada em Portugal, onde participou do XIII Encontro da Rede BRASPOR 2023, grupo de pesquisadores e grupos de pesquisa de língua portuguesa, dedicados ao estudo dos sistemas costeiros dos dois lados do Atlântico, onde teve seu trabalho reconhecido.
Segundo o engenheiro, boa parte das praias alagoanas estão sofrendo com o avanço do mar. A praia do Gunga, em Roteiro, que ganhou manchetes depois de divulgada uma análise produzida com dados do Centro Conjunto de Pesquisa da Comissão Europeia, que apontou que a praia deve perder mais de 60 metros de faixa de areia nos próximos anos, colocou em alerta os órgãos ambientais.
Na Barra de São Miguel, duas praias sofrem com a erosão, a das Conchas e parte da praia de Barramar. Em Marechal Deodoro, parte da praia do Francês, boa parte da praia do Saco, e quase toda a região da Barra Nova, especialmente na Prainha, o processo é quase irreversível. A Praia do Saco, por exemplo, segundo o Instituto do Meio Ambiente, já perdeu cerca de 90 metros de faixa de areia.
Em Maceió, as praias de Sobral, Ponta Verde e Jatiúca, com obras de contenção e de recuperação, além das praias de Garça Torta e Riacho Doce, ao norte, apresentam processo avançado. Em Ipioca, é a única praia de Maceió que já foi recuperada com o sistema “Bag wall”, instalado pela Ocean Protections.
TRIBUNA HOJE \ Por Claudio Bulgarelli / Sucursal Região Norte
Foto: Edilson Omena
