O diabetes é uma doença crônica, silenciosa e progressiva que acomete mais de 16 milhões de brasileiros. Somos o quinto país com mais incidência de diabetes no mundo (atrás dos Estados Unidos, China, Paquistão e Índia), segundo dados do Atlas do Diabetes da Federação Internacional, que revela que este número pode chegar a 21,5 milhões de pessoas em 2030. Já quando se trata da população mundial, estima-se 537 milhões (1 em 10), sendo que muitas pessoas podem ter a doença sem saber. Esse total pode chegar a 643 milhões em 2030 e 783 milhões em 2045.

O número de casos de diabetes praticamente dobrará em pouco menos de três décadas. É o que revelam novas estimativas publicadas na revista científica The Lancet, no fim de junho deste ano. Segundo a publicação, o mundo deverá ter 1,3 bilhão de pessoas com a doença em 2050. O diabetes, que mata 1,5 milhão de pessoas por ano no planeta, já é uma das dez principais causas de mortes por doenças no mundo. De acordo com a estimativa, em 2045 três em cada quatro casos de diabetes ocorrerão em países de baixa e média renda, o que representa um desafio para os sistemas de saúde.

Segundo o Dr. Ricardo Cohen, coordenador do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e presidente eleito da Federação Internacional de Cirurgia da Obesidade e Distúrbios Metabólicos (IFSO), a obesidade é um dos principais fatores de risco para se desenvolver o diabetes tipo 2.

“Além da obesidade, o fator genético é importante. Essas situações, associadas a estilo de vida inadequado contribuem para o aparecimento e progressão da doença. Ao ser diagnosticado com diabetes, junto com o tratamento, o indivíduo precisa fazer algumas adaptações na rotina, especialmente no que diz respeito à alimentação e à prática de exercícios físicos”, esclarece Dr. Cohen.

Diabetes tipo 2 e obesidade em jovens

Em relação à obesidade, um dos principais fatores de risco para o diabetes tipo 2, dados do Covitel 2023 (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia), realizado pela Vital Strategies e pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) mostram que houve um aumento da obesidade em jovens de 18 a 24 anos. Em 2022, 9% dos jovens dessa faixa etária tinham IMC – Índice de Massa Corporal, superior a 30, o que configura obesidade. Em 2023, essa taxa subiu para 17,1%, um aumento de 90% em um ano. Se acrescentarmos a esses dados o percentual de jovens com sobrepeso, ou seja, com IMC entre 25 e 30, teremos 40,3% dos jovens dessa faixa etária com excesso de peso.

Cirurgias são indicadas quando o melhor tratamento clínico não tem a resposta ideal

De acordo com Dr. Cohen, a cirurgia metabólica tem mostrado benefícios imediatos e sustentados para pessoas com diabetes tipo 2 e obesidade, o que diminui a necessidade de redução de glicose, após poucos dias do procedimento, bem como a melhora de múltiplos indicadores de saúde a longo prazo.

“A cirurgia metabólica é uma alternativa eficaz quando a farmacoterapia moderna não atinge os melhores resultados para os portadores de obesidade e diabetes tipo 2, explica. Atualmente, sabe-se que a perda de peso acima de 10% tem efeito positivo sobre diversas complicações da obesidade e diabetes”, pontua.

Tratamento medicamentoso

A ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária e o FDA (agência americana reguladora de medicamentos e drogas) aprovaram neste ano o medicamento Tirzepatida, para tratar o diabetes tipo 2. O FDA também aprovou no início de novembro esta medicação para o tratamento da obesidade. O remédio é uma injeção semanal que melhora o controle da taxa de açúcar no sangue de pacientes adultos junto a dieta e exercícios. “A tirzepatida age nos receptores de dois hormônios: o GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose) e o GLP-1 (peptídeo 1 semelhante ao glucagon). GIP e GLP-1 são hormônios responsáveis pelo efeito de aumentar a secreção de insulina pelo pâncreas após uma refeição”, esclarece Dr. Cohen.

“Pé diabético” e Ambulatório de Curativos

É importante a atenção à saúde dos pés, que deve ser iniciada pelas equipes médicas e pelos pacientes a partir do diagnóstico do diabetes e precisa ser mantida regularmente, seja nas consultas, como na rotina diária dos pacientes. “Os cuidados devem ser adotados desde o diagnóstico da doença e, também, pelos indivíduos com pré-diabetes, já que também apresentam risco de desenvolver complicações do diabetes. Isso também se aplica para as pessoas portadoras de diabetes tipo 2”, explica Dr. Ricardo Cohen.

O ambulatório de curativos do Hospital Alemão Oswaldo Cruz oferece um protocolo de atendimento para casos complexos, tem disponibilidade de tecnologias como laser de baixa intensidade e curativos com pressão negativa. Os atendimentos são realizados com agendamento prévio para portadores de pé diabético dentre outras condições. Em lesões de maior gravidade, os pacientes serão encaminhados para uma equipe multidisciplinar do Hospital para continuidade do tratamento.

Por Rafael Damas \ NOTÍCIAS AO MINUTO

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