Em uma trama digna de novela, a relação comercial entre a Rede Globo de televisão e sua afiliada em Alagoas, TV Gazeta, segue movimentada e aparentemente longe de um fim. Com liminar vigente desde o dia 4 de dezembro, o sinal aberto da TV Globo em Alagoas segue sendo transmitido pela Gazeta.

Após algumas tentativas de romper o contrato, a maior emissora do país anunciou nos últimos meses de 2023 que não renovaria com a empresa do ex-presidente da República, Fernando Collor, e que em 31 de dezembro faria sua última transmissão por lá. No dia 4 de dezembro, uma liminar do juiz em substituição, Léo Dennisson Bezerra de Almeida, do Tribunal de Justiça de Alagoas, garantiu mais um prazo.

“Reconheço a essencialidade do vínculo comercial entre as partes, determinando a renovação do Contrato de Convenção celebrado entre a TV Gazeta de Alagoas Ltda e Globo Comunicação e Participações S/A, pelo prazo de 05 [cinco] anos, iniciando-se em 01 de janeiro de 2024”.

A decisão foi alvo de recurso, até agora sem sucesso. Há 48 anos, desde que começou a ser transmitido aqui no Estado, o sinal da Rede Globo está ligado às Organizações Arnon de Melo. Desde 1998, há renovações periódicas desse contrato. A empresa local alega que caso deixe de transmitir o sinal, perde sua principal fonte de renda, fecha 209 postos de trabalho e, com os custos das rescisões, entrará em processo de falência.

Segundo a decisão, o contrato é responsável por 72,4% do faturamento global de todo o grupo Organização Arnon de Mello (que inclui jornal impresso, portais de notícias e emissoras de rádio).

A Globo, por sua vez, defende que não se trata de rescisão, mas sim de fim de contrato e, ainda, por se tratar de um exercício regular de um direito pela sua liberdade de não contratar. Embora considere que não precisaria de motivos, a empresa menciona a condenação no Supremo Tribunal Federal (STF) de Fernando Collor, um dos sócios da TV Gazeta, a oito anos e 10 meses de prisão pela prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro e do principal executivo da empresa, Luis Amorim, que foi condenado a três anos de reclusão e 10 dias-multa. “Em ambos os casos, os fatos objeto da ação envolveram a estrutura das sociedades recuperadas, respingando na imagem da própria TV Globo”.

Nos bastidores da mídia em Alagoas, já há informações de que o Grupo Nordeste de Comunicação, que atualmente possui a TV Asa Branca de Caruaru, vem se organizando há meses para iniciar as operações em Alagoas.

Por Emanuelle Vanderlei – colaboradora / Tribuna Independente
Foto: Edilson Omena / Arquivo