Um dos privilégios que tenho nos últimos anos é visitar regularmente as escolas estaduais de Alagoas. É a oportunidade que tenho de falar diretamente com alunos, professores e servidores sobre os mais diversos temas. A preocupação com o bem-estar psicossocial é uma das pautas que está sempre presente nas rodas de conversas e encontros que participo.

Fiquei feliz de participar, recentemente, do lançamento do programa Coração de Estudante, do Governo do Estado. Assim como outras iniciativas como o Cartão Escola 10, o Vem que Dá Tempo, o Professor Mentor, o novo programa já nasce um sucesso e uma referência nacional, servindo de inspiração para políticas públicas do Governo Federal na área da educação.

Ao longo dos últimos anos estive presente em mais de 127 escolas diferentes em todas as regiões do nosso estado. Em muitas delas, ouvi relatos de crises de ansiedade, automutilação, depressão, verdadeiros sinais de alerta, gritos de socorro da comunidade escolar, principalmente dos jovens, que ainda não sabem direito como se comunicar, como relatar seus sofrimentos e dores.

O Coração de Estudante vai oferecer um suporte especializado aos nossos estudantes, professores e servidores, que enfrentam nos últimos anos impactos emocionais, ainda remanescentes da pandemia, com ênfase na promoção da qualidade de vida no ambiente escolar.

A presença de psicólogos e assistentes sociais visa acompanhar o cotidiano das escolas, fornecendo dados importantes através de diagnósticos mais precisos. Essas informações poderão gerar encaminhamentos para consultas psicológicas no sistema da saúde ou delegacias especializadas, em casos de abuso ou violência.

Foi ouvindo relatos de alunos e suas famílias, professores e servidores, que realizei, no ano passado, uma audiência pública, na Câmara dos Deputados, para debater o cumprimeito da Lei 13.935/2019, que garante a presença de psicólogos e assistentes sociais em todas as escolas públicas do país.

Na ocasião, ainda como vice-presidente da Comissão de Educação, pude ouvir representantes do Conselho Federal de Serviço Social, do Conselho Federal de Psicologia, da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e do Ministério da Educação (MEC). Todos concordaram com a relevância e a urgência do tema.

Desde então, garantir a presença desses profissionais nas redes de ensino passou a ser uma das minhas lutas. Essa atenção especializada promove diretamente a valorização dos profissionais da educação, a proteção dos alunos e amplia o escopo das ações multidisciplinares no ambiente escolar.

O combate à ansiedade, ao bullying e a depressão precisa fazer parte das políticas públicas implementadas pelas redes estaduais e municipais de ensino a fim de reduzir a vulnerabilidade emocional nas escolas. A implementação de programas, a promoção de ações integradas e o cumprimento à legislação garantem apoio aos profissionais e mais proteção aos estudantes.

Medo e violência não combinam com educação. Escola é lugar de escuta ativa, acolhimento, diálogo e troca. Programas como o Coração de Estudante garantem essa vocação, fortalecem a rede e estimulam a comunidade escolar a manter um ambiente de confiança e proteção. Contem comigo sempre.

CADA MINUTO \ Rafael Brito

FOTO: GOOGLE