Passados nove meses da compra dos esqueletos dos prédios Ary Pitombo e Palmares, a prefeitura de Maceió não apresentou nenhum projeto de revitalização para o Centro de Maceió, conforme anunciou à época da aquisição das edificações que pertenciam à União. O investimento de pouco mais de R$ 10 milhões da gestão municipal foi realizado no mês julho do ano passado.

Compondo o cenário do Centro da capital, estão os ambulantes apreensivos com a perspectiva de serem retirados do local caso a revitalização do Centro saia do papel e se concretize.

São inúmeros os ambulantes que garantem o pão de cada dia nas proximidades da Praça Palmares. Dona Célia Cardoso, 55 anos, é uma delas. Ela tem ponto fixo no cruzamento da Rua do Comércio com a Rua Barão de Atalaia.

Quem trabalha e circula pela região espera ver um centro comercial mais bonito, harmônico. Esse é também o desejo dos ambulantes que esperam ansiosos alguma definição por parte da prefeitura de Maceió que silencia sobre o assunto.

“A gente que um local melhor para trabalhar. Não podemos perder nosso emprego que é informal, mas garante nosso sustento. É um trabalho justo e estamos aqui há anos, faça chuva ou sol”, disse dona Célia Cardoso.

Camelôs

Atualmente quase 200 vendedores ambulantes, os populares camelôs, trabalham no entorno da região da Praça dos Palmares e no prolongamento da Rua do Comércio.
A reportagem do jornal Tribuna Independente tentou, de forma insistente uma resposta por porte da Prefeitura de Maceió sobre o futuro dos ambulantes e a liberação das vias do comércio, porém até o fechamento desta edição não tivemos retorno.

Engenheiro diz que rua precisa ser desocupada

O engenheiro civil Marcelo Daniel de Barros Melo, perito em engenharia credenciado pelo Tribunal de Justiça de Alagoas e presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (Ibape/AL) definiu como louvável a intenção de centralizar nos dois prédios a estrutura administrativa da prefeitura. Ele, no entanto, elencou algumas mudanças importantes a serem feitas.

“A começar pela feira da rua, retirando-a de imediato, além de criar áreas para atender a demanda de estacionamento dos veículos dos funcionários e visitantes, criar um comércio atrativo para o turismo, com horário noturno e funcionamento aos finais de semana.

Além dos prédios Palmares e Ary Pitombo, existem outras edificações abandonadas no Centro, a exemplo da antiga sede da Delegacia Regional do Trabalho (DRT), Ministério da Saúde, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Todos eles não têm ainda um destino certo, e correm o risco de desabar como ocorreu com o Hotel Atlântico, na Avenida da Paz.

Edifício Palmares foi adquirido pela Prefeitura em 2023 (Foto: Edilson Omena)

Prédios da região servirão de sedes administrativas municipais

Os prédios Ary Pitombo e Palmares já serviram de sede a diversas outras repartições públicas e atualmente estão completamente abandonadas.

Com uma nova sede administrativa, o poder executivo municipal irá garantir uma economia considerável aos cofres públicos com o término de dezenas de contratos de locação dos prédios onde atualmente o prefeito despacha e os secretários trabalham.

O edifício Palmares custou R$ 5.472.000 e o Ary Pitombo, R$ 4.600.000. A negociação custou ao município R$ 10.072.000.

Próximos as edificações recém-adquiridas já funciona a Secretaria Municipal de Fazenda.

Não tão distante da região da futura sede administrativa de Maceió, funciona a Fundação Municipal de Ação Cultural. O prédio pertence a prefeitura, teve reforma iniciada na gestão do ex-prefeito Rui Palmeiras (PSD) e concluída na atual gestão do prefeito João Henrique Caldas, JHC, (PL). O prédio também é histórico é já figurou como sede da Secretaria Municipal de Ação Social e antes da Casal – A Companhia de Saneamento de Alagoas.

Os prédios que ligam à Praça dos Palmares à Rua do Comércio funcionaram como sedes dos institutos de aposentadoria e de assistência médica e estão em situação de completo abandono há mais de duas décadas. Nesse intervalo, as edificações sofreram com a ação do tempo, o desgaste causado pelo abandono, as depredações de vândalos e mudaram a ideia de que o Centro da capital é um lugar dinâmico em que a correria do comércio faz a vida do maceioense parecer andar mais rápida.

Há uma década, o edifício Palmares foi invadido por famílias sem-teto. A Justiça determinou a desocupação imediata do prédio. Vândalos invadiram o prédio e retiram todo o material de construção que havia sobrado. O edifício ficou depenado, sobrando apenas o esqueleto da edificação.

É no Centro que está concentrada a maioria dos empregos no setor de serviços de Maceió. São centenas de lojas, restaurantes, lanchonetes, estacionamentos, bancos, escritórios, clínicas e hospitais, museus, teatros e repartições públicas. Como em um comportamento típico de capital, o Centro é o coração pulsante da cidade.

Dezenas de barracas se amontoam umas nas outras nas imediações da Praça dos Palmares, bem no Centro de Maceió, obstruindo as vias e até a passagem de pedestres. De pilhas de relógio a brinquedos e roupas, há espaço para vender de um tudo. Alimentos e lanches rápidos também são comercializados no local.

Há décadas carros não circulam pelo local. E o comércio informal da região aguarda alguma solução para que possam trabalhar de forma digna em um ambiente apropriado.
Os tetos improvisados das barracas brigam por espaço entre os fios da rede elétrica. Pedestres estão sem espaço para andar pelas ruas. As portas das lojas estão obstruídas. É urgente a necessidade de reordenamento dos vendedores ambulantes.

Por Valdete Calheiros – colaboradora / Tribuna Independente

Foto: Edilson Omena