A venda de bebidas em Alagoas no carnaval deve ser 5% maior este ano do que no mesmo período de 2019. Com estoques reforçados em 30%, o setor de supermercados no estado se diz pronto para atender todos os tipos de público, desde o que procura por água mineral ao que toma “água que passarinho não bebe”, como cerveja e cachaça.

A estimativa e os dados são da Associação dos Supermercados Alagoanos (ASA). Em nível nacional, a expectativa é de um aumento de 14,3% na venda de bebidas alcoólicas, segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

O presidente da ASA, Raimundo Barreto, conta que os supermercados já se organizam com antecedência para atender toda a demanda. Segundo ele, este é o principal período do ano para venda de bebidas, ganhando até das festas de fim de ano. “Os gostos são os mais variados. Tem gente que compra água, muitas famílias levam refrigerantes, os destilados também estão em alta, mas a queridinha continua sendo a cerveja, que também tem muitas vertentes”, conta.

Questionado sobre a venda e o consumo de cervejas artesanais, o presidente diz que é um produto que vem conquistando espaço, mas ainda não faz frente às cervejas produzidas e vendidas em grande escala. Entre os fatores para isso, ele cita a falta de mercado entre grande parte do público e o preço, que ainda não é tão acessível.

O representante do setor conta ainda que esse aumento nas vendas para este ano é fruto de avanço na economia, que já começa a ser sentido e, consequentemente, comemorado pelo consumidor. “Esta também é uma área em que o consumidor não costuma cortar, poupar, ele se organiza para comprar, é um momento festivo”.

A teoria de Barreto se aplica na vida do ex-cobrador Wenis Silva. Desempregado, separado da esposa e longe das duas filhas pequenas, ele não poupou gastos na bebidas. “Tô levando um pouco de cada e um muito de cerveja”, brinca. “Para afogar as lágrimas tem que ter muita bebida, se não molha mas não afoga” termina.

FOLIÃO TROCARÁ CARNE POR ENLATADOS E EMBUTIDOS

Mas nem só de bebida alcoólica sobrevivem as vendas do setor. Nem somente foliões são os compradores. Fugindo de todo o agito carnavalesco, a família do vendedor Erivan Silva prepara uma estoque de comida e bebida para levar para o interior onde fica até a quarta-feira de cinzas. “Compramos fardos de refrigerante, água, é o nosso jeito de aproveitar esses dias”, conta.

Dono de um depósito de bebidas no bairro do Jacintinho, periferia de Maceió, o jovem Lucas Moraes, de 26 anos, conta que a folia dele vai ser no estabelecimento. “A gente se diverte e lucra ao mesmo tempo”, conta. Ele brinca dizendo que “fechar depósito no Carnaval é igual fechar bomboniere na Páscoa”. Sobre o lucro ele diz estar otimista. “Tem cerveja aqui em tudo que é canto, na quarta quero ver esse espaço todo vazio”.

A cerveja está ok, o refrigerante, ok, mas a carne não está ok. De acordo com Raimundo Barreto, esse deve ser um carnaval com petiscos feitos de enlatados e embutidos. O churrasco está ameaçado. Isso porque o preço da carne de boi continua alto. “Até acreditamos na retomada do consumo, o auge do preço alto já passou, mas a procura por linguiça, salsicha, queijo e presunto deve ser grande”, estima.

Ele lembra que com os altos índices de exportação de carne, o preço do mercado interno ficou elevado dada a pouca oferta e muita demanda. O ameaçado churrasco é uma tradição para acompanhar a bebida e isso é visto com muitos bons olhos pelos lojistas porque estimula o consumo de outros produtos além das bebidas.

Por Hebert Borges | Portal Gazetaweb.com