Moradores do bairro do Pinheiro iniciaram uma mobilização pelas redes sociais para incentivar o comércio na região. A iniciativa “Compre no Pinheiro” idealizada pelo Movimento SOS Pinheiro pretende ajudar a atividade econômica local que tem sofrido constantes perdas com o fenômeno das rachaduras.

“Ele ainda não é um projeto. Estamos fazendo essa campanha interna nos grupos sociais para que os moradores, mesmo que tenham saído do bairro, voltem a comprar nos comerciantes que compravam quando estavam por lá para que não prejudiquem ainda mais os comerciantes. A gente ainda não fez um feedback com os comerciantes, ainda não estamos nessa fase, é uma iniciativa para ajudá-los”, defende Geraldo Vasconcelos, líder do Movimento SOS Pinheiro.

Nas redes sociais a iniciativa tem ido além dos grupos de moradores. Mas de acordo com o presidente da Associação dos empreendedores do Pinheiro, Alex Sampaio, a campanha ainda não conseguiu a projeção necessária para movimentar o comércio.

“Essa campanha do WhatsApp não é uma iniciativa da nossa associação, embora a gente apoie. Na verdade até agora não é uma campanha. Para ser uma coisa com um impacto real tem que ser bem estruturada e até agora o que nós temos conhecimento foi de um post para ajudar o bairro. Isso não teve uma repercussão ainda sentida no bolso ou no faturamento dos empresários”, destaca Sampaio.

Segundo ele, só é possível articular ações concretas quando houver uma resposta dos estudos que vem sendo desenvolvidos pelo Serviço Geológico do Brasil.

“Procuramos a Fecomércio, Sebrae. Estamos juntos organizando um projeto estruturante para o bairro, uma coisa com começo, meio e fim. Mas só conseguimos desenhar isso com o resultado do laudo. Enquanto isso nós estamos nos preparando. Imagine se a gente fizer uma campanha, investir dinheiro e amanhã o CPRM disser que o bairro não vai poder ficar desse jeito, que é preciso evacuar? Imagine fazer campanha, gasta dinheiro de algo que não se sabe como vai ficar daqui há um mês?”, argumenta.

Associação
“Situação econômica da região é preocupante”

O presidente da associação dos empreendedores do Pinheiro ressalta que a situação é preocupante. Segundo ele, as perdas no faturamento dos comerciantes ultrapassam os 60%.

“As perdas têm sido grandes. Nós temos um levantamento parcial que aponta para perdas entre 60% e 80% em relação a dezembro do ano passado. Alguns negócios já estão fechando, outros sobrevivendo. A gente está atuando para minimizar essas perdas. Como a redução de carga tributária, taxas de água, luz e gás, já nos reunimos com esses atores, Prefeitura… para buscar uma minimização das perdas enquanto a gente decide o que vai fazer”, pontua Alex Sampaio.

O assessor econômico da Fecomércio, Felippe Rocha, explica que um novo estudo está em curso e deve ser liberado na próxima semana. O relatório trará informações atualizadas da situação econômica da região.

“Estamos desenvolvendo uma nova pesquisa. O que podemos falar é que há perdas. No último levantamento muitos empresários já relatavam perdas de faturamento de até 42%, e em torno de 25% dos empresários relataram perdas de faturamento de 62%. Muitos estão se tornando inadimplentes no quesito pagamento de tributos, mas para precisar a nova realidade que vem se aprofundando em perdas ainda não podemos informar porque estamos com a nova pesquisa. Estimamos que o relatório fique pronto até a próxima segunda-feira”, afirma.

O economista diz ainda que diversas medidas paliativas têm sido adotadas para minimizar os efeitos da perda de clientes. A situação é tão crítica, segundo Felippe Rocha, que muitos comerciantes não estão conseguindo pagar impostos e até mesmo serviços essenciais como água, luz e gás.

“Algumas medidas paliativas já estão em curso. A Fecomércio tem encabeçado essas questões, já existem diálogos com Governo do Estado, Prefeitura, para amenizar, reduzir tributos temporariamente, diversas taxas que elevam os custos. E temos que lembrar que esses custos não se alteram apesar da queda no faturamento e isso pressiona muito os empresários. Inclusive 25% deles já pensam em demitir ou já estão demitindo porque as pessoas não passam mais para comprar, há um problema de imagem no bairro. Não apenas na área vermelha, as pessoas tem evitado o bairro como um todo e isso tem afetado as empresas que estão fora da área de risco. Por isso temos dialogados para suspender os cortes [água, luz e gás] para que as pessoas continuem produzindo sem pagar e a posteriori esses pagamentos sejam feitos de forma parcelada”, comenta.

Fonte: Tribuna Independente