Cerca de 150 toneladas de alimentos livres de agrotóxicos estão sendo comercializados na 30ª edição da Feira Camponesa, na Praça da Faculdade, no bairro do Prado, em Maceió. O evento organizado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) iniciou nesta quarta-feira (5) e encerrará no próximo sábado (8). O horário de funcionamento é das 5h às 23h até sexta-feira (7). No sábado (8), só pela manhã.

Além de oferecer alimentos orgânicos, a feira também está celebrando 15 anos de existência. Para comemoração ser completa, a partir das 19h a população pode contar com apresentações, shows musicais e do restaurante camponês com café da manhã, almoço e jantar.

A novidade este ano é a casa de farinha e o espaço chamado “Cantinho da Feira”, onde uma exposição de fotos e materiais de divulgação promete uma viagem no tempo de uma década e meia do evento.

A Feira Camponesa é realizada na Praça da Faculdade duas vezes por ano. Ao todo são 74 barracas, de 19 áreas distintas, vindas de assentamentos e acampamentos das regiões da Zona da Mata, Litoral e Sertão alagoano.

A Feira Camponesa também tem uma versão itinerante. É um evento menor e acontece em outros bairros de Maceió, como Pinheiro, Serraria e Salvador Lira, com cerca de 20 barracas.

Conforme Heloísa Amaral, agrônoma e coordenadora da CPT, os acampamentos e assentamentos priorizam a produção agroecológica, cultivo de alimentos sem agrotóxicos que visa a preservação do meio ambiente. Deste modo, há uma diversidade de alimentos, como macaxeira, inhame, batata doce, jerimum, coco, graviola, banana, laranja, mamão, limão, tomate, couve, goma de tapioca, mel, pimenta e até mesmo artesanato. Ainda de acordo com a coordenadora, este ano a produção foi um pouco prejudicada pela estiagem. Mesmo assim esta edição tem muitos produtos à disposição do público.

SAÚDE

De acordo com a Ir. Cícera Menezes, camponesa assentada em Porto de Pedras e agente pastoral, a produção agroecológica da agricultura familiar camponesa é uma forma de resistência à liberação de tantos agrotóxicos. “As feiras são uma forma dos movimentos e organizações sem-terra mostrarem a importância do trabalho das famílias camponesas para a saúde do povo brasileiro e a necessidade da reforma agrária no país. Além de defendermos o plantio tradicional, queremos mostrar à sociedade que a luta pela terra livre de agrotóxico é uma luta em prol da sobrevivência da sociedade. Por isso é importante que exista alianças entre comércio e consumidor”, informou.

OTIMISMO

Geraldo Antônio, produtor e vendedor na Feira camponesa há cerca de 20 anos, não perde nenhuma edição. Ele disse estar muito otimista com as vendas, e espera sair com a banca vazia. “A procura está sendo boa. A batata doce já acabou ainda pela manhã. Tenho certeza que daqui pra sábado vou voltar pra casa sem nada”, disse o vendedor, que, ao ser questionado sobre os produtos vendidos, logo apresentou a farinha de batata doce. “Esse produto é novidade no mercado, mas eu creio que o povo vai gostar de consumir. Ela foi desenvolvida na nossa cooperativa e tem tudo para dar certo. Espero que o povo goste.”

Mesmo no início do mês junino, as vendas do milho verde ainda estão tímidas na Feira Camponesa. Segundo a vendedora Vandélia Maria, até o final de semana a situação vai mudar. “O milho ainda não está saindo tão bem, mas acho que a falta de procura seja por conta da feira que ainda está sendo instalada. Eu trouxe feijão, laranja e banana e estou vendendo muito bem. A batata doce vende como água, tanto que já acabou. Daqui pra sábado o milho também sai”, conclui a vendedora.
Produtos livres de agrotóxicos atraem consumidores à praça

Beleza de alimentos deixou de ser atrativo principal na hora da compra. Isso porque a cada dia a busca pela vida saudável vem se tornando algo comum. A consumidora Antônia de Lima diz que não perde nenhuma feira e que faz questão de sair com o carrinho cheio, mas só se for de alimento sem agrotóxico. “Já comprei mel e banana, agora vou olhar outras coisas. Gosto muito de comprar aqui porque tudo é natural. Não me importo se a macaxeira ou a batata estiverem feias. O importante pra mim é ter certeza que são saudáveis e livres de agrotóxicos”, informa.

Sempre atenta à saúde, Lúcia Dias faz questão de comprar produtos naturais e sempre em feiras livres (Foto: Edilson Omena)

Outra consumidora consciente na hora das compras é a Lúcia Dias, ela faz questão de comprar alimentos saudáveis e procura fazer suas feiras em locais com procedência. “Não faço feira de alimentos naturais em super mercados, prefiro feiras livres. Quando não faço por aqui, vou ao Jacintinho. Já tenho vendedores certos e todos me conhecem. Prefiro ter um pouco mais de trabalho e dar prioridade a minha saúde do que consumir alimentos envenenados”, informa Lúcia.

Danyella Santos é fisioterapeuta e saúde pra ela é fundamental. É a primeira vez que ela visita a feira, mas já diz que será cliente fiel. “Estou gostando muito da feira e os preços valem muito a pena. O fato dos alimentos serem 100% naturais é um atrativo a mais. Vou ficar atenta porque quero vir nas próximas vezes”, destaca a fisioterapeuta.

As barracas seguem abertas no horário dos shows, que vão animar a praça com muito forró e samba.

Além da Feira Camponesa, que será realizada novamente em outubro deste ano, há outras feiras livres realizadas por movimentos sem-terra no estado, a exemplo do MST, do MLST e do MVT.

Fonte: Tribuna Independente