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pós a audiência na quinta-feira (27), mediada pelo Ministério Público do Trabalho em Alagoas (MPT/AL), entre jornalistas alagoanos em greve e empresas de comunicação, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas (Sindjornal) manteve a tradição democrática de promover uma assembleia para análise das propostas do MPT. Após várias deliberações e questionamentos, os jornalistas decidiram pela continuação da greve.

O presidente do Sindjornal, Izaías Barbosa, afirmou durante a assembleia – que aconteceu no auditório do Colégio Marista, no bairro do Farol, em Maceió – que não houve negociação diretamente com as empresas durante a audiência no MPT/AL. “Os superintendentes foram costurando as propostas. Eles falavam com a gente, depois falavam com eles [representantes das empresas] e voltavam para gente. No final das contas, voltamos para o mesmo ponto [que culminou na greve]”, afirmou o presidente ao auditório lotado.

O secretário-executivo do Sindjornal, Thiago Correia, afirmou na assembleia que um procurador do MPT propôs que o atual piso fosse uma faixa intermediária para uma progressão salarial, porém o assunto não foi documentado. “Isso foi extraoficial”, disse o secretário. A proposta inicial das empresas foi que o atual piso de jornalista em Alagoas, no valor de R$ 3.565,27, virasse o teto salarial da categoria. Segundo a proposta das empresas – TV Gazeta, TV Pajuçara e TV Ponta Verde –, este valor do piso atual seria reduzido em 40%, o que daria um piso inicial de pouco mais de R$ 2.100.

Na proposta apresentada na quinta-feira pelas empresas ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas, um quesito dizia que haveria “a garantia de emprego pelo prazo de seis meses [para os jornalistas], contados a partir da deflagração da greve, no último dia 25 de junho”.

“Os empresários estão irredutíveis em relação ao salário. Querem, de todo jeito, um piso salarial abaixo do atual”, disse Thiago Correia aos profissionais e estudantes de jornalismo presentes. “Nós também estamos irredutíveis”, gritou um jornalista. Logo após, gritos em coro com a palavra “irredutível” ecoaram pelo auditório.

“Se aceitarmos esta proposta, são seis meses de estabilidade. Ou seja, ninguém pode ser demitido [neste período]. As empresas queriam que esse tempo fosse de 30 dias. A gente poderia aceitar essa proposta e retomar a greve a qualquer momento, mas será que teríamos esse poder de aglutinação de hoje?”, questionou Thiago Correia. Logo após, um sonoro “não” foi gritado pelos presentes na assembleia.

Fim de telejornal

Durante a assembleia, foi repassada a informação de que a TV Pajuçara, do Pajuçara Sistema de Comunicação (PSCOM) tinha a intenção de acabar com um telejornal na emissora.

“Querem acabar com o Pajuçara Noite e fazer demissões”, afirmou Izaías Barbosa.

Piquetes

Na quinta-feira, os jornalistas fortaleceram ainda mais a greve ao realizar mais um protesto. Desta vez, os profissionais se reuniram em frente à TV Ponta Verde, afiliada do SBT, e comandada em Alagoas pelo Grupo Opinião.

Durante todo o dia, os jornalistas mostraram à sociedade, com faixas e cartazes, que a categoria estava paralisada para evitar a perda de 40% no piso salarial.

Quem passava em frente ao veículo de comunicação acenava e buzinava em apoio à greve dos jornalistas. Com a decisão da assembleia na noite de quinta-feira, as atividades de protesto seguem nesta sexta-feira (28), com concentração em frente à TV Pajuçara. A categoria tem utilizado de um planejamento estratégico para não haver desgastes, sempre pautando os manifestos na conscientização de classe.

Dissídio

O dissídio entre os representantes das empresas e os jornalistas grevistas está marcado para a próxima quarta-feira (3) no Tribunal Regional do Trabalho em Alagoas (TRT/AL).

Fonte: TRIBUNA HOJE Texto: Rívison Batista