Saber quando a ansiedade está prejudicando a sua vida pode ser decisivo para procurar atendimento médico e tratamento.

Conviver com um transtorno de ansiedade é um desafio diário para 18,6 milhões de brasileiros, conforme mostrou a OMS (Organização Mundial da Saúde) recentemente.

A ansiedade é uma reação natural do ser humano, mas não pode estar presente em todos os momentos, explica a psiquiatra Maria Fernanda Caliani.

“A gente precisa da ansiedade, é ela que nos motiva, que nos impulsiona. O problema é quando ela começa a nos incapacitar. É aquele momento em que a pessoa não consegue mais responder por conta dela. A ansiedade começa a nos paralisar diante do medo que a gente possa sentir.”

Segundo a psiquiatra alguns sintomas podem ser indícios de um transtorno de ansiedade:

• Ansiedade, apreensão, preocupação constante;
• irritabilidade, inquietação, falta de paciência;
• dificuldade de concentração;
• diminuição da produtividade no trabalho;
• cansaço físico e mental (esgotamento);
• tensão muscular, com dores nas costas, nos ombros;
• dificuldade para dormir ou para manter o sono.

Os momentos de pico de ansiedade também podem vir acompanhados de sintomas físicos desagradáveis, explica Maria Fernanda.

“Quando você está ansioso você tem sintomas físicos como palpitação, desconforto, taquicardia, falta de ar, formigamento nas mãos, vontade de fazer xixi toda hora, diarreia, sensação de que vai desmaiar.”

Em casos mais extremos, a ansiedade se manifesta em forma de crises, que podem até levar pacientes ao pronto-socorro.

“Quando essa ansiedade fica ainda mais forte, a pessoa passa a se sentir muito mal, fica com um medo muito grande de perder o controle, de perder os sentidos, de ter um ataque do coração, de morrer, que é a crise de pânico. Ela pode acontecer em qualquer lugar e hora, com a pessoa dormindo, em ambiente fechado, no trânsito. É o corpo dizendo que não dá mais conta.”

O sofrimento provocado por esses sintomas faz com que alguns quadros de ansiedade evoluam para depressão, pois o indivíduo evita determinadas situações.

“É como se o corpo dissesse ‘não dou mais conta desse sofrimento’. As coisas começam a perder a graça”, observa a psiquiatra.

“Quando a gente não está bem, tem uma mudança dos pensamentos, principalmente quando tem sintomas depressivos. É como se o nosso cérebro valorizasse mais o negativo. O ansioso não costuma valorizar o positivo.”

Diante dos sintomas descritos acima, é importante identificá-los no dia a dia e, se for o caso, decidir buscar ajuda de um profissional.

No consultório, o médico psiquiatra vai avaliar, com base nos relatos do paciente, qual é o tratamento adequado.

“Muitas vezes se consegue controlar [o transtorno de ansiedade] com atividade física, meditação, terapia, boa alimentação… mudanças que proporcionam uma melhor qualidade de vida. Quando essas medidas não são suficientes e a ansiedade continua transbordando, aparecendo em momentos que não é para aparecer, aí precisa de medicamento”, ressalta Maria Fernanda.

Os medicamentos não são calmantes tarja preta, com muita gente pensa. Esse tipo, segundo a psiquiatra, é para “apagar incêndio”. “Quando o efeito dele passa, a ansiedade vai voltar”, diz.

O tratamento é feito com remédios da classe dos antidepressivos, que vão atuar nos neurotransmissores e regular o balanço químico do cérebro.

O acompanhamento psicoterapêutico é recomendado para casos de ansiedade. A terapia mais indicada é a cognitiva comportamental, que envolve a compreensão do indivíduo sobre o problema e formas de melhorar sua situação atual. O paciente também receberá orientações para enfrentar as crises.

Maria Fernanda enfatiza a necessidade de práticas de exercícios físicos regulares — ao menos 150 minutos semanais — como forma de prevenção de transtornos ansiosos e depressivos.

“O mais importante para conseguir se proteger e tentar manter a ansiedade em um grau saudável é desacelerar e respeitar o nosso corpo.”

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