Está cada vez mais comum ver memes como “kkkk cada k é uma lágrima” ou “será que estou vivendo ou apenas existindo?” circulando pela internet. Mensagens assim, que supostamente carregam humor, podem esconder uma face preocupante: um distúrbio denominado “sad”, que, em inglês, significa “triste”. O fenômeno atinge principalmente os jovens e preocupa pais e especialistas em saúde mental.

Para o psicólogo Anderson Codonho, que atende crianças e adolescentes, o problema é uma questão multifatorial, mas que está ligada ao impacto das novas tecnologias no mundo. “Se em outro momento o brinquedo era a pipa ou a bicicleta, hoje é o celular. A relação com essas tecnologias impacta na subjetividade e na maneira como as pessoas expressam suas emoções”, explica.

Saiba como identificar

Os sintomas do distúbio depressivo vêm acompanhados de ansiedade, falta de qualidade no sono, baixa autoestima e, o mais preocupante, a automutilação. “É muito comum que esses adolescentes se machuquem nas coxas, nos braços e na barriga. No caso dos estudantes, eles costumam usar a lâmina do apontador, por exemplo”, conta o psicólogo.

A maior dificuldade da família está em como lidar com esse distúrbio. Nesses casos, a busca por uma ajuda especializada é indispensável. “Seja no sentido de atender efetivamente o adolescente ou para orientar a família a oferecer um melhor suporte para o jovem”, diz Codonho.

Como prevenir

Para o psicólogo, uma relação mais próxima entre pais e filhos pode ajudar a prevenir problemas como a depressão e o “sad”. “As relações parentais são a matriz emocional de uma pessoa”, afirma.

“Numa situação como essa é importante que os pais ajudem o jovem a dar sentido à sua própria vida e a confrontar as questões do amadurecimento”, diz o psicólogo. Ele também chama a atenção da família para a forma como os filhos acessam a internet e se fazem parte de grupos que incentivam a automutilação.

A psicóloga Néia Dutra, responsável pelo projeto Escola de Mães, que presta auxílio a famílias na criação dos filhos, reforça a importância da família e afirma que muitos pais tendem a criticar mais a adolescência dos filhos do que tentar ouvi-los.

“Um problema sério que envolve isso é o comportamento que deixam essa ‘criança’, que fisicamente não é mais uma criança, é independente, mas se esquecem que emocionalmente ela continua dependente, precisa de carinho e atenção, ser guiada e orientada”, diz a especialista.

R7.COM