Uma nota de repúdio destinada à Polícia Militar (PM) do estado vem circulando nas redes sociais, desde o domingo (1º), fornecendo detalhes sobre uma suposto caso de agressão envolvendo um casal no bairro da Jatiúca. O material revela um caso de descaso feito pelos agentes da Segurança Pública de Alagoas.

Além da PM, a autora do texto – que presenciou a situação com os seus próprios olhos – também destinou as suas palavras para a Central de Atendimento à mulher e “sobretudo, aos seres humanos”.

Segundo as informações fornecidas pelo relato, a vítima teria sido agredida física e verbalmente pelo seu marido, enquanto os vizinhos de apartamentos próximos observavam pela janela e gritavam em sua defesa.

Em um trecho publicado, a testemunha afirmou que tentou realizar uma denúncia anônima à PM, através do telefone; contudo, após minutos de espera, a resposta recebida não a agradou.

“Expliquei o que vi [para a atendente], e a resposta que recebi foi a seguinte: “Vamos enviar uma viatura, mas o que vai acontecer é que, ao chegar no apartamento, a mulher vai negar o ocorrido.”

Nem consegui acreditar no que ouvi. Prontamente respondi “eu vi o que aconteceu”. E aí vem talvez uma das partes mais repudiantes, já que não consigo definir com precisão qual foi. A atendente respondeu: “Você pode testemunhar, mas moça, não vale a pena. Amanhã ela volta a morar com ele. “A ligação foi realizada às 00:19h, e agora é 01:31h. Após os gritos de meus familiares, o homem apagou as luzes”, diz o relato.

Posteriormente, a autora revelou que a viatura solicitada em sua ligação não foi ao local e afirmou ter quase presenciado um assassinato. “A viatura não chegou. Não sei quantas mulheres morrem a cada hora no Brasil, mas sei que vi uma futura morte”

A Gazetaweb tentou contato, durante esta manhã, com a assessoria de comunicação da Polícia Militar de Alagoas (PM), mas, até o momento, não obteve resposta.

AME

A recém criada Associação Para Mulheres (AME), grupo destinado a dar apoio a mulheres vítimas de abuso sexual, físico, moral e psicológico em Alagoas, afirmou que, após saber do caso, tentou entrar em contato com a vítima descrita no relato, através de uma carta enviada sigilosamente ao apartamento.

A presidente da AME, Júlia Nunes, garantiu que dará todo o apoio necessário – de maneira gratuita – à vítima e parabenizou a atitude da autora da nota de repúdio publicada no Instagram.

“Fui marcada na postagem por diversas pessoas. Eu queria dar grande importância à autora, que não se calou frente a uma agressão, porque acabou essa história de ‘briga de marido e mulher não se mete a colher’, afirmou.

Segundo a presidente, até o momento, a Associação vem tentando contato direto com a vítima descrita na nota de repudio e espera poder auxiliá-la a prestar todas as denúncias cabíveis.

GAZETAWEB.COM