O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) informou à reportagem da Tribuna Independente que “desconhece” o estudo apresentado pela Braskem e que não irá se manifestar em relação a “supostas conclusões”. Na última segunda-feira (16) a empresa divulgou a informação de que uma análise de pesquisadores da Universidade de Houston aponta para “inconsistências” no laudo divulgado em maio pelo CPRM.

“Até o momento, a CPRM não tem conhecimento do referido estudo elaborado pela Universidade de Houston. Portanto, não se manifestará a respeito de supostas conclusões. Se por acaso, esse relatório for enviado à CPRM, nossos pesquisadores irão avaliar seu teor e suas conclusões para uma manifestação assertiva e transparente. Reafirmamos as conclusões do relatório técnico, divulgado em maio, que apontou a causa gatilho para o surgimento do fenômeno que afeta os bairros Pinheiro, Bebedouro e Mutange”, disse o Serviço Geológico.

De acordo com a mineradora, os pesquisadores Rob Stewart, Aibing Li e Yingcai Zheng, contratados para analisar o estudo, avaliaram que há erros de interpretação e imprecisão em metodologias aplicadas pelo CPRM, além de “falhas na análise dos mapas que identificaram a instabilidade no solo e a não consideração de efeitos naturais presentes na região”.

“O relatório da Universidade de Houston aponta que a CPRM usou de metodologias que podem ter levado a erro de interpretação. Por exemplo, a autarquia tirou conclusões sobre a condição das cavernas usando dados que não poderiam ser usados para isso. Além disso, alertam os pesquisadores da universidade americana, na descrição do trabalho de interferometria realizado para estudar a subsidência na margem leste da Lagoa Mundaú, a CPRM inseriu o ‘Mapa de integração dos processos de instabilidade do solo’. Esse mapa mostra uma subsidência que coincide com a área das minas de sal, mas há também uma substancial deformação mais ao sul, distante da área de extração de sal. Esse afundamento, fora da região das minas, sugere um mecanismo de deformação não relacionado à extração de sal”, aponta o estudo americano.

O CPRM apesar de não contestar abertamente as declarações dadas pela Braskem, reafirmou a legitimidade dos estudos que realizou ao longo do último ano.

“É importante ressaltar que antes de entregar o relatório conclusivo, a CPRM trabalhou por mais de um ano em Maceió, onde nesse período utilizou tecnologias de ponta e mobilizou um equipe multidisciplinar ( 53 pesquisadores) composta pelos melhores profissionais da instituição, que juntos realizaram um trabalho coletivo, imparcial e com total independência, que teve como único objetivo utilizar a ciência para desvendar um fenômeno geológico complexo, que afeta a vida de milhares de pessoas”, destacou o CPRM por meio de assessoria.

Segundo a Braskem, o estudo foi encaminhado à Agência Nacional de Mineração (ANM) “na última sexta-feira, 13”.
Braskem afirma que tremores “são de ordem natural”

A petroquímica reafirmou a discordância com o trabalho produzidos pelos 53 pesquisadores do CPRM. “A Braskem, que discorda de pontos das análises do laudo apresentado pela CPRM, entende que não há, até o momento, comprovação técnica sobre as causas dos eventos geológicos dos bairros, o que é fundamental para a definição das soluções robustas. Por isso, a petroquímica busca a opinião de pesquisadores e especialistas para melhor compreensão do fenômeno”, diz a empresa.

Segundo a Braskem, os tremores registrados nos bairros seriam e ordem natural e que um supercomputador utilizados por pesquisadores da Universidade de Houston contrariam a ideia de que houve desabamento nos tetos das minas.

“Outra importante conclusão dos pesquisadores foi no estudo das “assinaturas” das ondas sísmicas, que demonstrou que os tremores nos bairros foram de origem natural (…) Os pesquisadores de Houston usaram um supercomputador também para fazer uma modelagem em três dimensões, simulando um eventual desabamento de todas as cavernas de sal da região. O resultado foi ‘67 vezes menor do que a subsidência medida pela interferometria, o que é uma enorme disparidade”, diz a conclusão do estudo. “Isso indica que algum outro mecanismo ou mecanismos, não relacionados às cavidades de salmoura, devem ser a causa dominante causando a subsidência”, afirmou a Braskem.

Conforme divulgado pela Braskem, o afundamento nos bairros estaria sendo provocado por diversas causas.

“Os estudos corroboraram uma das percepções da CPRM: a de que deve haver várias causas para o problema. Entre essas causas, diz a universidade americana, estão a retenção de água da chuva no solo, o que contribui para a instabilidade do terreno do Pinheiro, saturado de líquido, durante os tremores naturais. De acordo com o estudo, a lubrificação do solo causada pela má conservação da rede de drenagem, esgoto e abastecimento do Pinheiro, associada às falhas geológicas naturais do subsolo, agravam as avarias causadas nas ruas e construções pelo adensamento do terreno”, divulgou a Braskem.

Fonte: Tribuna Independente