Escondida na região abdominal, preenchendo os espaços entre as vísceras e órgãos como fígado, pâncreas e intestino, a gordura visceral ou tecido adiposo visceral é um perigo para a saúde.

Especialistas consultados pelo R7 garantem que o aumento da gordura visceral está associado ao aumento do risco de doenças cardiovasculares, como hipertensão arterial e infarto, além de provocar distúrbios metabólicos, como o diabetes mellitus e aumento do colesterol, e até câncer.

“A pessoa não precisa necessariamente ser gorda, pode ser até magro, e isso torna a gordura visceral ainda mais perigosa, pois ela está lá dentro e ninguém vê. Métodos como o ultrassom, a desintometria do corpo inteiro e a ressonância magnética podem identifcar a existência do problema”, alerta o endocrinologista Maurício Hirata, da clínica em São Paulo que leva seu nome.

Número de cirurgias bariátricas aumenta 84% em sete anos

O cirurgião plástico Fernando Bianco relata que já atendeu casos de pessoas “aparentemente magras” que tiveram de emagrecer para fazer uma cirurgia plástica. “É errado pensar que qualquer pessoa magra pode fazer lipo ou qualquer pessoa acima do peso tem indicação para lipoaspiração e abdominoplastia. É necessário fazer toda uma avaliação e analisar cada caso”.

É importante esclarecer que a gordura visceral é a que fica por trás da parede abdominal e os órgãos que a rodeiam, no interior da cavidade peritoneal. Já a gordura subcutânea é aquela passível de ser retirada em uma lipo aspiração. É diferente da gordura visceral, pois está localizada logo abaixo da camada mais externa da pele.

“O ganho de peso, seja devido ao excesso de consumo de calorias ou sedentarismo, implica em aumento de gordura tanto subcutânea como visceral”, explica Rafael Pergher, endocrinologista da Endoclínica de São Paulo.

Não há uma tese precisa sobre o que faz alguns indivíduos desenvolvem gordura visceral e outros não. Para Pergher, essa diferença pode estar relacionada à predisposição genética. “O envelhecimento também ajuda nesse processo, pois, com o avanço da idade, ocorre redução da secreção dos hormônios testosterona, estradiol e GH (hormônio do crescimento), o que parece também contribuir para o aumento da gordura visceral”, diz o médico.

De acordo com o dr. Hirata, não há cirurgia para o caso de gordura visceral. “A recomendação é mudar de vida, adotar uma rotina com exercícios físicos e dieta. Em alguns casos, é preciso um tratamento medicamentoso.”
Lipo não resolve

A lipoaspiração não é capaz de retirar a gordura visceral. A lipo só retira a gordura subcutânea.

O cirurgião plástico Fernando Bianco enfatiza que a cirurgia não é um método de emagrecimento. “A lipoaspiração é um procedimento destinado a remover apenas gorduras localizadas, como as que se encontram debaixo dos braços, nos quadris e na região abdominal. É o tipo de gordura que dificilmente pode ser eliminado, mesmo com o auxílio de exercícios físicos e de uma nova dieta”, esclarece.

“A gordura visceral pode ser evitada através de estilo de vida saudável, incluindo uma boa alimentação e uma atividade física frequente, mas não há cirurgia para estes casos”, explica o dr. Cláudio Ambrosio, pós graduado em metabolismo e endocrinologia.

Segundo o endocrinologista Rafael Pergher, “é interessante ressaltar que uma perda de peso de cerca de 5% (exemplo: um indivíduo pesando 80Kg perdendo 4 Kg) resulta em uma perda de até 20% da gordura visceral. Assim, emagrecer, independentemente da estratégia que foi utilizada, ocasiona redução da gordura visceral. No entanto, estudos sugerem que o exercício físico tem papel importante nesse processo, potencializando a redução do tecido gorduroso visceral”.

E atenção: o homem tem uma tendência maior a ter a gordura visceral, enquanto a mulher tem mais a tendência a guardar gordura no quadril. “Esse biótipo pode ser variado também de acordo com o que chamamos de formato pera ou formato maçã que nem sempre depende do sexo necessariamente”, explica o dr. Cláudio Ambrosio.

O tratamento para redução de gordura visceral é o mesmo recomendado para a obesidade: reeducação alimentar, atividade física e medicações para controle do apetite em casos selecionados. Tudo, dizem os médicos, vai depender do estado clínico do paciente e também das doenças de base que podem ocorre.

Ou seja, as recomendações precisam ser individualizadas de acordo com uma série de fatores, incluindo idade, se existe ou não uma doença associada ou algum tipo de incapacidade física. Só então são validados vários critérios para entender a melhor forma de tratar cada paciente.

R7.COM