Com uma população voltada a hábitos sedentários, presa aos costumes impostos pelo uso cada vez mais condicionado das tecnologias e demonstrando pouca preocupação com cuidados de saúde, a diabetes surge como uma vilã das doenças resultantes de péssimos hábitos alimentares, como a diabetes tipo 2.

Dados do Ministério da Saúde (MS) mostram que, entre 2010 e 2016, a diabetes já vitimou fatalmente 406.452 pessoas no Brasil; em Alagoas, este número foi de 9914, portanto, tornando-se uma preocupação maior ainda entre a população, que está passível de ter que conviver com as limitações da doença.

Identificada por meio de índice glicêmico, a diabetes pode ser diagnosticada através de um simples exame de sangue, que, caso aponte valor acima de 100 mg/dL em jejum, um acompanhamento já deve ser feito com especialistas.

Segundo o médico endocrinologista, Edson Perrotti, os sintomas podem acontecer em diferentes intensidades e podem variar de pessoa para pessoa. Os mais comuns e de fácil identificação são urina em excesso com idas frequentes ao banheiro, fome e sede em excesso, podendo apresentar até emagrecimento rápido em casos mais avançados.

Um sinal bastante característico é a presença de insetos na urina, pela presença de altas taxas de glicose.

Quando identificado, o paciente com diabetes deve receber tratamento imediato e adequado, para evitar consequências maiores. O endocrinologista ressalta, ainda, a importância do acompanhamento médico e de uma alimentação balanceada para controle das taxas glicêmicas.

“Para aqueles com diabetes tipo 2, que é mais comum entre adultos, é importante diminuir o peso, procurar uma alimentação balanceada, pobre em carboidratos de baixa absorção, além do uso de medicamentos apropriados. Aqueles que possuem diabetes tipo 1 devem procurar alimentação balanceada, mas a prioridade é a aplicação de insulina, por ser um caso mais específico”, ressaltou o médico.

A alimentação é fator primordial para aqueles que convivem com a diabetes, e deve ser priorizada e vigiada durante o tratamento. A ingestão de um alimento inapropriado pode trazer consequências graves à saúde do paciente.

Jean Marcos, nutricionista reforça a importância de uma dieta balanceada
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O nutricionista Jean Marcos esclarece a importância da escolha dos alimentos na dieta de quem vive com a diabetes, afirmando que alimentos fibrosos e frutas devem ter preferência.

“A escolha dos carboidratos é muito importante, é sempre melhor escolher os complexos, que são ricos em fibras, como batata doce, macaxeira, inhame, pão integral. Podendo consumir também frutas com carga glicêmica mais baixa, como maçã, kiwi”, indicou Jean.

Chás e semente de chia também ajudam a combater a alta dos índices glicêmicos. “Chá de canela 2 a 3 vezes ao dia, junto da refeição, pode ajudar na diminuição da glicose pós refeição, e, também, chá verde, que teve maior eficácia comprovada que o uso da Metformina (medicamento antidiabético). O uso de uma colher de sopa de semente de chia é capaz de reduzir em 41% o índice glicêmico pós refeição. É uma excelente estratégia”.

Apesar de ser assunto cada vez mais recorrente nos lares brasileiros, a diabetes ainda carrega série de mitos e erros que podem comprometer seu tratamento. Um dos mais comuns é a troca do açúcar comum pelo mascavo, que não reflete grandes mudanças em valores nutricionais. O ideal, segundo especialistas, é não fazer uso do açúcar em líquidos ou utilizar em pequenas quantidades.

Além de acompanhamento médico, uso de medicamentos e dieta balanceada, todos os especialistas recomendam a prática de exercício na rotina, para atuar juntamente com estes outros artifícios no controle da diabetes.

Thalles Jarsen, educador físico e professor de dança, defende a prática de uma rotina de exercício para a redução dos níveis de glicemia.

“A musculação é o exercício mais indicado para fazer esse auxílio na rotina na vida de quem tem diabetes. Praticando pelo menos 3 vezes por semana já é possível obter resultados. Até para aqueles que fazem uso da insulina, através da prática do exercício físico é possível diminuir esse uso diário”, disse o professor.

Com um trabalho a longo prazo, o hábito de praticar atividades físicas regulariza índices para melhora da saúde. “O sedentarismo pode trazer muitos problemas para qualquer pessoa, que podem ser muito maiores para aqueles que convivem com a diabetes”, concluiu Thalles.

A convivência com a doença

Conviver com a diabetes requer inúmeros cuidados diários. Viver sobre a própria vigilância pode ser exaustivo, mas o conhecimento do funcionamento do próprio corpo se torna gratificante no decorrer do processo.

Erika Hillare tem 19 anos e recebeu o diagnóstico da diabetes tipo 1 aos 16. Conviver com a doença se tornou rotina na vida da jovem, que diz já ter se adaptado, mas, por muitas vezes, a atenção redobrada com os cuidados relacionados à saúde pode ser algo cansativo. “São três anos de convívio com a diabetes. Virou uma rotina e, hoje, me adaptei com uma rotina mais saudável, vivo bem e com saúde”, disse a jovem.

Com uma dieta restrita, rotina de exercícios, controle do sono, idas frequentes aos médicos e especialistas e tratamento com a insulina, Erika ressalta que, apesar das restrições, tem conseguido manter a meta de índice glicêmico diário e que a conquista é sempre gratificante.

“É um desafio manter a glicemia em uma meta diária. Muita coisa influencia, como o sono e exercícios físicos. É complicado se manter nessa meta, mas é possível. Uma vez que você chega no desejado, a vontade é continuar, porque afeta em vários âmbitos da vida. Você passa a se cuidar melhor”, afirmou Erika.

A professora universitária Ilma Maria, 57 anos, convive com a diabetes tipo 2 há 6 anos e ressalta a importância de conhecer a doença para não se tornar refém e limitar hábitos sociais.

“É muito necessário conhecer a doença e se propor a fazer um acompanhamento adequado, até para conquistar liberdade dentro dos limites que a doença impõe, porém esses limites não podem tirar o direito a uma vida social normal, portanto, conhecer a doença é de grande importância para quem convive com ela”, disse a professora.

Ilma concorda com Erika quando fala das dificuldades do dia-a-dia de quem convive com a diabetes e diz que a disciplina e o autocontrole são cruciais para se manter numa rotina saudável. “Os hábitos alimentares são basicamente disciplina. É normal ter desejos alimentares que não te contemplam mais, mas o controle, a consciência e a autoeducação são de muita importância para se evitar complicações, e esta consciência você consegue através da orientação dos especialistas. Não é fácil, mas é muito necessário o cuidado diário”, concluiu a professora.

A falta de tratamento da diabetes ou a interrupção do mesmo pode gerar complicações crônicas, como AVC, infarto, derrame, trombose de membros inferiores e superiores, cegueira, insuficiência renal, dentre outras que podem surgir a longo prazo, por conta de um controle inadequado.

O cuidado diário e idas ao médico especialista podem evitar diversas destas consequências com um diagnóstico precoce da doença.

Por Pâmela de Oliveira | Portal Gazetaweb.com