A Polícia Civil de Alagoas (PC/AL) vai abrir inquérito para investigar a denúncia de racismo contra uma professora de uma escolar particular no bairro do Trapiche da Barra, em Maceió. O crime ocorreu na terça-feira (4) e teria sido praticado pela diretora e proprietária da unidade de ensino, Suely Oliveira. A Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas (OAB/AL) também vai acompanhar o caso.

“A vítima será ouvida, vai indicar pessoas que presenciaram o fato ou tomaram conhecimento e, posteriormente, é chamada a autora para ser indiciada, e relatado o inquérito para ser encaminhado à Justiça”, explica a delegada Maria Tereza Ramos.

A OAB vai acompanhar a investigação, por meio da Comissão de Igualdade Social. Segundo a Comissão, somente este ano, foram registrados três casos de racismo. Já entre os anos de 2016 e 2019, foram 28 casos.

“Esse caso não se trata de injúria racial, que seria por meio de um termo circunstanciado, mas é um caso típico de racismo”, afirma o presidente da Comissão, Alberto Jorge.

A professora Taynara Silva conta que o fato ocorreu dentro da sala de aula e na frente dos alunos.

“Ela entrou na minha sala, sem pedir licença, e começou a falar que eu seria a culpada pelo filho dela, que é do setor administrativo, ter batido o carro. Os alunos questionaram e ela disse que eu, no dia 3, teria conversado com o filho dela pelo WhatsApp e, por isso, ele bateu o carro. Um aluno levantou, fez voz, dizendo que, na verdade, ele estava errado, já que ele não deveria usar o celular enquanto dirigia”.

O filho da diretora amenizou o ocorrido e disse que tudo não passou de um mal entendido. “Um mal entendido onde muitas pessoas tenham se sentido ofendidas. A gente pede perdão se essas pessoas se sentiram ofendidas”, afirmou Matheus Oliveira.

Segundo dados do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, Alagoas é o 5º estado do Nordeste com o maior número de registros de ofensas racistas e preconceituosas.

O caso

A professora, que dá aulas de Redação desde 2017 na escola, foi confrontada pela diretora Suely Dias, com afirmações de cunho racista, ao dizer que, “se alguns dos alunos [que estavam presentes em sala] fossem a Ouro Branco, trouxessem um chicote ‘do bom’ para fazer a professora lembrar do tempo que ela tanto teme”.

A professora é conhecida pelos seus trabalhos contra o racismo. Em sua rede social, é possível ver que a mesma promoveu projetos de combate ao racismo no próprio colégio em que o episódio ocorreu.

Por Tatianne Brandão | com TV Gazet