Desde o dia 21 de março, primeiro dia do decreto de isolamento social, as empresas que fazem o transporte coletivo em Maceió registraram uma diminuição diária de aproximadamente 75% dos passageiros, porém não é o que é visto diariamente dentro dos ônibus e nos pontos de parada na capital alagoana.

Mesmo com apenas os serviços essenciais funcionando, não é difícil encontrar aglomerações de pessoas em terminais de transporte público em Maceió e o número de pessoas aumenta ainda mais durante o percurso resultando em ônibus lotados.

Devido à pandemia do novo coronavírus e para evitar aglomerações, a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) reduziu em março a frota de ônibus que circula na capital para 70% de sua capacidade durante os dias úteis e para 50% nos finais de semana e feriados. Mesmo após a determinação em maio de que todos os passageiros devem ser transportados sentados, a frota parece se manter reduzida.

De acordo com Cícero Oliveira, secretário-geral da Federação das Associações dos Moradores de Alagoas (Famoal) e representante dos usuários do transporte coletivo de Maceió, as cenas de ônibus cheios se repetem todos os dias, principalmente no retorno ao Terminal do Benedito Bentes, na parte alta da cidade. “Os ônibus estão saindo do terminal de duas em duas horas, com todos os passageiros sentados, mas o problema é quando sobe, quando são registradas aglomerações porque não há fiscalização por parte da SMTT”, observou.

Duas linhas de ônibus – 042 e 217; Benedito Bentes/Centro e Benedito Bentes/Mercado, respectivamente, apresentam maiores deficiências. “A SMTT tem que reavaliar essa situação, não tem condições de manter uma frota reduzida com passageiros precisando se locomover no transporte público”, disse. “Álcool em gel é outro problema do terminal do Benedito. São 12 pilastras e apenas uma com o dispenser, porém sem o líquido para o pessoal higienizar as mãos”, denunciou. Outra reclamação é em decorrência da falta de organização das filas no Terminal do Benedito Bentes.

“A SMTT não está fiscalizando, defendemos a permanência de agentes de trânsito no local para garantir a ordem e evitar aglomerações”, frisou Cícero Oliveira.

Ele salientou ainda que quando os ônibus saem com os passageiros sentados do terminal quem se prejudica é quem está nos pontos de parada aguardando a condução. “A espera já é grande e quando o ônibus passa não para, e quando para, o motorista avisa que há poucos assentos, os primeiros passageiros que entram ocupam as cadeiras porque não têm fila e os que ficaram para trás têm que aguardar outro coletivo vir com a mesma demora”, criticou.
Famoal denuncia falta de higienização dos coletivos

Cícero Oliveira também denuncia que os ônibus não estão sendo sanitizados para a utilização dos usuários do transporte público. Os coletivos que fazem a linha Conjunto Aprígio Vilela também estão fazendo a rota nos conjuntos Freitas Neto, Sorriso II, Caetés e Planalto, cuja população é de 39 mil habitantes.

“Ou seja, se estes ônibus já saem do terminal cheios no caminho enche mais, então não tem como evitar a contaminação pelo coronavírus devido a super lotação. São poucas pessoas que não usam máscara, mas acontece que os ônibus não estão sendo lavados, nem mesmo aqueles que vão para a Ponta Verde, muito menos os que vão para os conjuntos”, denunciou.

“O Benedito Bentes tem cerca de 180 mil habitantes. Os ônibus que circulam pela região devem seguir os padrões de higiene e ter fiscalização permanente do contrário o bairro continuará sendo um dos mais afetados pela Covid-19”, concluiu.

A SMTT informou que agentes de trânsito, fiscais do órgão e das empresas, além da Polícia Militar e Guarda Municipal estão diariamente nos terminais de ônibus fiscalizando para garantir o cumprimento do decreto estadual, que determina que só sejam transportados nos coletivos os passageiros que estiverem utilizando máscaras e que todos os usuários do Sistema Integrado de Mobilidade de Maceió (SIMM) sejam transportados sentados. “As empresas que forem flagradas descumprindo o decreto governamental serão multadas”, disse o órgão por meio de nota.

Segundo a SMTT, o órgão determinou que as empresas reforcem as medidas de segurança sanitária para evitar os riscos de contágio pela Covid-19 no transporte público da capital. “Em cumprimento às determinações do Município, foram instaladas barreiras especiais de proteção de acrílico e de plásticos nos espaços reservados aos cobradores e motoristas dos ônibus. A medida tem como objetivo evitar o contato direto com os usuários do SIMM e reduzir as chances de contaminação pelo novo coronavírus. Os coletivos com estes equipamentos de segurança passaram a circular na sexta-feira (5) e a previsão é de que toda a frota do transporte público urbano de Maceió seja contemplada.

Fonte: Tribuna Independente / Ana Paula Omena

(Foto: Edilson Omena)