O Cada Minuto Entrevista desta semana, conversou com o pré-candidato ao cargo de chefe do executivo de Maceió, Cicero Filho (PC do B), que afirmou que a desigualdade social é o grande problema de Maceió.

Cicero que é presidente do Sindicato dos Oficiais de Justiça de Alagoas (Sindojus/AL) e diretor da Federação Nacional dos Oficiais de Justiça (FojebraA), também comentou sobre o cenário de articulações eleitorais e disse que apesar de ser contrario a visão de mundo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), acredita que sua influência, poderá surtir efeitos nas eleições em Maceió.

Confira a entrevista completa:

01 – Por qual motivo o senhor aceitou o convite de entrar na disputa pela prefeitura de Maceió de maneira solo?

Na verdade, a nossa candidatura, ela passa por uma ideia coletiva. Ela gira em torno de um anseio do partido por um todo, não é uma candidatura do Cicero. Ela atende uma diretriz nacional do partido, que definiu que teríamos pré-candidatos ao executivo em todas as capitais, se possível, e Maceió não seria diferente.

No ano passado, ocorreram várias reuniões, de maneira interna, no final do ano passado, onde chegaram ao meu nome.

02 – O PC do B já foi procurado por outros pré-candidatos na tentativa de aglutinar outras candidaturas e fortalecer a disputa? Quais foram eles?

Temos mantido o diálogo com diversos pré-candidatos, pois entendemos que política deve ser feita desta forma ampla e também não dá pra fazer política só com os iguais. Temos tido diálogos com diversos pré-candidatos, inclusive, antes da pandemia, participamos de uma reunião com todos eles, onde discutimos o cenário eleitoral e a gente tem conversado sobre isso.

Nos últimos dias, também tivemos uma boa conversa com o ex-governador Ronaldo Lessa, mas avaliando o cenário e as possibilidades dos partidos que são mais voltados para esquerda e centro esquerda, que chamamos de centro progressista, não há nada definido. Nosso foco é manter nossa candidatura.

03 – Ao longo dos últimos anos, os partidos de esquerda têm se enfraquecido, devido a uma mudança de comportamento eleitoral. Como o senhor avalia isso? Acredita que isso prejudica candidaturas vindas de partidos como PT, PC do B e PSOL?

A eleição do Bolsonaro, em 2018, ela tem uma explicação que precisa ser vista com uma certa anterioridade. A gente já teve um processo bem acirrado, em 2014, onde houve uma grande polarização, onde a sociedade acabou se dividindo, em torno dessas duas candidaturas.

Acho que isso faz parte de um processo político social, em virtude, de uma serie de fatores. Durante 14 anos, tivemos um governo de um partido voltado para esquerda, que foi o Partido dos Trabalhadores (PT), que durante esse tempo, conduziu o país. Teve seus acertos e seus erros, e claro, devido ao tempo de governo, há desgaste grande, e com isso, você gera uma insatisfação por parte da população.

Houve erros e acertos, e foi baseado nisso, que a população fez mudanças. O Bolsonaro é produto disso, a resposta da insatisfação, que acabou se materializando. Uma visão de mundo que a gente discorda, mas apesar disso, a gente respeita o resultado das urnas, apesar de discordar veementemente da condição política do país.

Sim, irá impactar. Os mandatos geram muito poder, sobre tudo, os mandatos do executivo. É estrutura que possui representantes em todo o país, então acaba sendo inviável negar que não haja intervenção política nas eleições municipais, pois poder há.

04 – Acredita que a junção de algumas candidaturas como PDT, PSOL, PT, Avante, PSDC, PMN e Unidade Popular, poderiam fortalecer a disputa e o possível grupo?

Nos temos uma eleição em dois turnos, com isso, o primeiro permite que possa haver uma pluralidade de candidaturas, e com isso, uma pluralidade de pautas, que são importantes para sociedade. Em um segundo turno, há uma reunião de candidaturas, para que possam direcionar os seus apoios para aquela que mais se identifica.

Polarizar já no primeiro turno não é interessante, é preciso haver espaço para todos os envolvidos, a gente acredita e aposta nisso, mas a ideia é que em um possível segundo turno, possamos unir o campo progressista e possamos dar nosso apoio.

04 – Em caso de segundo turno envolvendo um dos três nomes mais fortes, qual o PC do B mais se identifica e poderia estudar a possibilidade de apoiar?

Ainda não discutimos isso, pois não é uma decisão minha, nem de A, muito menos de B, é uma decisão coletiva e temos essa característica de decidir as coisas de maneira interna, ouvindo os envolvidos.

Apesar do PC do B ter uma boa relação com o Governo do Estado e o palácio ter o seu candidato, não há influências. O PC do B faz parte da base, temos uma pasta no estado, mas se tratando de eleições municipais, o governo a pré-candidatura dele e o PC do B tem a sua.

Nesse cenário de eleições municipais o Governo tá buscando os objetivos deles e a gente, o nosso, mas claro, havendo muito respeito.

05 – Como você avalia a gestão do atual prefeito Rui Palmeira?

Uma gestão que deixou muito a desejar. Uma gestão que olha muito para uma parte da cidade. Temos uma parte de Maceió que foi esquecida pelo executivo. Não é uma critica do campo pessoal, mas sim do campo político. É como seu eu tivesse uma grande horta, e só cuidasse de uma parte dela, a colheita não será tão proveitosa, e foi isso que ocorreu em Maceió.

Temos sérios problemas em Maceió, e a desigualdade ainda é um elemento muito presente em Maceió. O maior problema da cidade de Maceió é a desigualdade. Sou morador da parte alta de Maceió e posso dizer, que moro na parte da horta em que não é cuidada e que consequentemente, não terá bons frutos.

A desigualdade social é o grande problema de Maceió, e acredito que esse venha ser mais uma vez, o grande desafio para o novo prefeito da cidade de Maceió.

*Sob supervisão da editoria

CADA MINUTO

FOTO: Maciel Rufino/CM